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O INSTITUTO GREGORIO BAREMBLITT nasce do encontro de um grupo de amigos com um desejo comum de reinventar novas práticas sociais. Para tanto constituímos uma associação sem fins lucrativos. Seu nome é uma homenagem ao psiquiatra, psicoterapeuta, professor, pesquisador, analista e interventor institucional, esquizoanalista, esquizodramatista e escritor Gregorio Franklin Baremblitt. Nosso desejo é que este dispositivo tenha uma inserção social e que possamos construir com nossa comunidade um Outro Mundo Possível.

sexta-feira, 25 de março de 2011

IGB promove conferência sobre violência contra a mulher

A criação de uma rede de apoio multidisciplinar e incentivar o aumento das denúncias foram as saídas para o grave problema mais discutidas durante o debate  




Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, o Instituto Gregório Baremblitt de Frutal promoveu no dia 14 de março na Casa do Advogado, a Conferência “Gênero e Violência Contra a Mulher”. Estudantes da UEMG e FAF, entre outros interessados, puderam conferir explicações de profissionais que vivenciam e entendem das questões que envolvem o grave problema. Foram eles: Renato Teixeira, promotor de Justiça; Lílian Viscone, assistente social do CAPS Frutal; Rodrigo Furtado Costa, sociólogo e professor da FAF e UEMG/Frutal; Daura de Freitas, assistente social do Centro Viva Vida e Ana Helena Diniz, psicóloga do CAPS Frutal.
Cada profissional alertou para a criação de uma rede multidisciplinar, com o objetivo de que as mulheres agredidas sejam ajudadas por vários segmentos da sociedade. Outra questão levantada muitas vezes no debate foi com relação à denúncia que ainda é insatisfatória.  
O promotor de Justiça, Renato Teixeira, disse que todos os dias trabalha com processos envolvendo a violência doméstica. Na sua visão, para que a triste realidade mude é preciso focar a questão não apenas no aspecto jurídico, mas buscar o conhecimento da área de assistência social, psicologia, ou seja, na chamada multidisciplinariedade.
Para se criar uma rede entre todos os segmentos da sociedade para se fortalecer a proteção à mulher, Dr Renato, diz que é preciso se fazer um diagnóstico das potencialidades da região em termos de prestação de serviço público ou comunitário, mobilizar a comunidade e divulgar a importância da aplicação da legislação para que ela não caia no esquecimento.
No que diz respeito às causas do grave problema da violência contra a mulher, o sociólogo Rodrigo Furtado Costa explicou que são vários. Para ele, vem desde a questão da desigualdade social, até o envolvimento da saúde pública. “No primeiro momento o estado joga em suas legislações mecanismos para atacar. O problema é que se ataca um problema que não tem relação devida com outras áreas, sem ter discussão e equipe preparada. Precisamos ter uma equipe multidisciplinar para que se possa tentar compreender e desmistificar determinados problemas que é o caso da violência contra a mulher”, afirmou o professor que ainda alertou para que as pessoas que compareceram à conferência não saíssem de lá e esquecessem do problema. “Nós já temos dispositivos legais que nos garantem a denúncia, inclusive anônima. Vivemos em uma sociedade altamente conservadora; de uma cultura autoritária baseada na ideia de que a família deve, sobretudo o homem, ser o educador no sentido daquele que corrige. A gente vai sair daqui e fazer o que? É difícil, mas precisamos dar um grito. A sociedade não pode se acomodar; a mulher hoje tem apoio”.
Daura de Freitas, assistente social do Centro Viva Vida, contou sobre o trabalho do Comitê Pela Vida que trabalha em prol dos vários e cotidianos casos de violência doméstica. Ela lamentou que em Frutal a maioria das agressões contra a mulher, sejam elas físicas ou psicológicas, não são denunciadas.
Por isso, o organizador da conferência, o psiquiatra do IGB e do CAPS, Celso Peito Macedo Filho, quer que a discussão sobre este grave problema não fique somente no debate da última segunda-feira na Casa do Advogado; e que seja construído outros dispositivos de reflexão, atuação pública e intervenção social. “Para isso também estamos apostando muito nas redes virtuais, via internet, podendo dialogar, pensar e trocar experiências”. (Renato Manfrim)

terça-feira, 22 de março de 2011

NOSSAS ESTRELAS: GABRIELA MISTRAL - EL PLACER DE SERVIR

Toda la naturaleza es un anhelo de servicio; sirve la nube, sirve el aire, sirve el surco. Donde haya un árbol que plantar, plántalo tú; donde haya un error que enmendar, enmiéndalo tú; donde haya un esfuerzo que todos esquiven, acéptalo tú.

Sé el que aparte aparte la estorbosa piedra del camino, sé el que aparte el odio entre los corazones y las dificultades del problema.

Existe la alegría de ser sano y de ser justo; pero hay, sobre todo, la hermosa, la inmensa alegría de servir.

¡Qué triste sería el mundo si todo en él estuviera hecho, si no hubiera rosal que plantar, una empresa que acometer!

Que no te atraigan solamente los trabajos fáciles: ¡Es tan bello hacer lo que otros esquivan!

Pero no caigas en el error de que sólo se hace mérito con los grandes trabajos; hay pequeños servicios que son buenos servicios: Adornar una mesa, ordenar unos libros, peinar una niña. Aquél es el que critica, éste es el que destruye, sé tú el que sirve.

El servir no es una faena de seres inferiores. Dios, que da el fruto y la luz, sirve. Pudiera llamársele así: El que sirve. Y tiene sus ojos fijos en nuestras manos y nos pregunta cada día: ¿Serviste hoy? ¿Al árbol? ¿A tu amigo? ¿A tu madre?

Gabriela Mistral

NOSSAS ESTRELAS: LOS HERMANOS E BELCHIOR - À PALO SECO

NOSSAS COMPANHIAS: UNIVERSIDADE POPULAR: ARTE E VIDA NUMA ALEGRE CAMINHADA...

Sábado, 19 de Março. Casa cheia. Chuva forte. Potências ternas e solidárias.

Vida viva e reluzente. Nós, insurgentes... Gente de brilhar: a Universidade Popular Juvenal Arduini esteve num momento belo e suave, criativo e cheio de produções, devires e acontecimentos...

... Um bom encontro... Um espaço liso...

Alegria e amizade: decisões e sonhos; e, assim, se foi concretizando novos passos na caminhada.

Numa boa conversa mineira, se reafirmou o caráter público não-estatal, solidário e libertário.

E a efetivação dos espaços coletivos de produção de conhecimentos e intervenções nas comunidades como um processo que se dará ao longo da própria organização da Universidade Popular.

Neste encontro, trabalhou-se os temas: cuidado, arte, o social e o conhecimento... Tendo como disparadores das conversações, as afirmações:

- Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Boff

- O que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro. Boff

- A arte da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte. Gandhi

- Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres Rosa de Luxemburgo.

Depois, numa plenária se socializou as produções grupais e se viu que havia uma rede de ideias e sonhos que norteiam a utopia de uma Universidade Popular, como a arte e a vida, afirmadas num processo solidário de um coletivo conectado pela amizade e intervindo pela liberdade, pelo novo e pela mudança, pela reinvenção do pensar e do agir, num cuidado libertário, porém, amoroso e terno, das dores do outro e do mundo.

Decidiu-se por já iniciar no dia 30 de Março, quarta-feira, às 19 hs, as aulas de Yoga coma Professora Zozó Cecílio ( atividade esta cuja periodicidade será semanal)...

A companheira Maristela Ramos ofereceu-se para o trabalho de danças circulares...

Foi iniciado o processo da construção das atividades virtuais: o grupo de emails e o site...

Dever-se-á organizar outras atividades semanais: sobre dependência química e grupos de estudos.

Por consenso, se estabeleceu um encontro mensal, todo segundo sábado do mês, das 13 às 18 hs; sendo, assim, o próximo do dia 09 de Abril.

Para o próximo encontro, se trabalhará os seguintes espaços coletivos de produção:

- 13hs: Arte e produção de vida
           Cuidado e produção de vida

- 14 hs: Práticas Sociais e produção de vida
             Ecologia e produção de vida

- 15:30 hs . Grupos de trabalho. tema: o que estamos fazendo de nós?

- 17 hs. Plenário do mês...

Assim, amigos, caminhamos e desbravamos novos horizontes... Esperamos , também, a sua participação...

Venha e se agrupe a nós nesta caminhada de sonhos, lutas e produções criativas de vida... Vida de alegria e ternura, liberdade e poesia, arte e magia, solidariedade e cidadania, compaixão e  suavidade... Lutando pela inclusão social, pela justiça e pela esperança...

POR UMA NOVA TERRA, POR POVO POR-VIR...


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domingo, 20 de março de 2011

NOSSAS ESTRELAS: ELIS REGINA - ME DEIXAS LOUCA

NOSSAS ESTRELAS: POEMA EM LINHA RETA - FERNANDO PESSOA

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.


E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.



Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...



Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,



Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?






Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

NOSSAS COMPANHIAS: UNIVERSIDADE POPULAR JUVENAL ARDUINI - A FERA NASCE NAS PRISÕES; O BELO, NA ESTRADA...

A vida continua... A chuva caindo mansa, a Lua dormindo... Um silêncio de domingo.

Nem todo domingo é domingo. Digo, assim, quieto e sossegado com gosto de roça e cheiro de café quentinho.

Livros e filmes empilhados mirando com inveja os discos que, embora guardados, devem ganhar outra vez...

Ontem, a casa era festa... Dia de Universidade Popular... Amigos, velhos e novos... Todos se sentindo entre a magia do sonhos e a poesia de uma nova realidade.

Choveu todo o dia... Cântaros de água...

Normalmente, a chuva me inibe, paralisa e me leva para a suave tranquilidade de uma acolchoada cadeira-de-balanço... Nada à espera do nada...

Ontem, aprendi o valor do pensamento de Nietzsche na prática.

Quase sempre, esperamos as condições ideais parra viver nossos sonhos e desejos; e nos perdemos de nós mesmos na primeira dificuldade.

Tudo correu com alegria e persistência... Problemas contornados com serenidade; problemas superados com adaptações criativas e produtivas.

Vi o quanto nos escondemos da vida, justificando-nos por detrás de minúsculos e insignificantes empecilhos e contrariedades.

Oh! Velho e amigo Nietzsche... Nada se consegue, nada se conquista, se não lutamos, bravamente, exercendo nosso vontade de potência que nasce de uma verdadeira posição de desejo.

Ou como diria nosso poeta: " a vida é combate, que os fracos abatem... mas que os fortes, os bravos só sabem exaltar"...

Se nos desanimamos, perante os obstáculos, recuamos e nos desconectamos do nosso desejo que nos mobilizou num exercício de potência; e acabamos formatando um corpo dado à impotência.

Assim, repetindo esta experiência de desânimo e desalento nas intempéries, caímos no conformismo, na acomodação e na alienação... E ficamos com um corpo servil, apático, desvitalizado, submisso e vulnerável...

O além-do-homem, O Super-Homem, de Nietzsche, não era uma raça pura e bélica. É o corpo que se afirma na luta persistente e disciplinada... é a potência que se afirma nos embates com os obstáculos... é o desejo que não se retrai ante as pedras do caminho...

Com um corpo potente, desejante e afirmativo vivemos com intensidade, alegria e paz...

Não a paz covarde da acomodação reativa; mas a paz que nasce da luta e da harmonia entre nossa vida e nossos desejos e sonhos...

Pude viver; pude experimentar...

E nessa ousadia alegre, trocamos e reafirmamos uma caminhada...

Foi, assim, que pude ouvir e me emocionar com o trabalho coletivo.

Ainda ressoa, no meu coração, a palavra de uma amiga que traduzindo o que via, ouvia e sentia, relembrou Kundera e disse: " A beleza do acaso é o último estágio da história da beleza."
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NOSSAS COMPANHIAS: El Abecedario de G. Deleuze. H de Historia de la Filosofía 4/4

NOSSAS COMPANHIAS: El Abecedario de Gilles Deleuze. H de Historia de la Filosofía 3/4

NOSSAS COMPANHIAS: El Abecedario de Gilles Deleuze. H de Historia de la Filosofía 2/4

NOSSAS COMPANHIAS : El Abecedario de G. Deleuze. H de Historia de la Filosofía 1/4

sábado, 19 de março de 2011

NOSSAS ESTRELAS: Versos Íntimos - Augusto dos Anjos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!


 
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

 
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

 
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

NOSSAS ESTRELAS: Rita Lee e Roberto de Carvalho - Ovelha negra

CARTOGRAFIAS: DEPENDÊNCIA QUÍMICA: AVENTURA, VIAGEM OU SERVIDÃO

Comumente, diabolizamos a problemática da dependência química... Vemos desvio, delinqüencia, autodestrutividade, mimetismo social, rebeldia, marginalidade...

Normôticos, olhamos para os que vivenciam as experiências com drogas e os condenamos... Dizemos simplificando o problema: procuram a morte com as próprias mãos...

Este é o pensamento policialesco e normatizante, higienista e moralizante.
Não é um consenso...

Frei Beto , no texto " Vida, sim; drogas, não", para a revista Caros Amigos, declara que ninguém suporta a normalidade. Sugere que só possível superar uma dependência química através de uma paixão, de uma causa amorosa, política, ética, estética ou existencial...

"A normalidade é a mediocridade institucionalizada" ( Miziara, L. In: A Salamandra)

Rotelli chama a atenção para a função de amplificador da consciência das drogas; e assinala que elas não são em si o problema, mas a compulsão que gera um funcionamento à maneira dos buracos negros que esvaziam o sentido da vida e da caminhada. Eles a procuraram porque desejam algo mais do que lhe era oferecido pelo sistema, pela racionalidade técnico-instrumental, pelo modo de viver da subjetividade capitalística. Assim, conclui que aos processos de reabilitação necessitam serem mais sedutores do que o mundo das drogas...

Cuidamos e , depois, os vemos recaídos; contudo, nosso cuidado é um arranjo ortopédico de recuperação da vida anterior , já esgotada no momento da busca da droga.

Deleuze chega com contribuições valiosas...

O uso da droga , para ele, é uma experimentação vital; cujo perigo mora no buraco negro da repetição compulsiva, na ausência de uma linha e fuga( plano de consistência) que permitiria o indivíduo voltar desta dsterritorialização de alta intensidade e incomensurável velocidade, sem cair no vazio novamente ou na rotina cinzenta negada.

Acrescenta mais: antes o homem funcionava investindo sua energia e desejo no campo mnésico e dos afetos, que se mantinham eternizados no inconsciente como representações...

Agora, diagnostica uma mudança neste investimento: investimos nas percepções...

Percepções micro e macro que dilatam o mundo e o subtrai do terrível desencantamento imposto pela lógica mercantil, prática e funcional.
Deste modo, podemos dissolver os preconceitos e pensar o uso compulsivo e a própria fissura.

O uso compulsivo de drogas pode vincular:-se:

- a própria química;

- cultura do tudo posso, um funcionamento narcísico, onipotente e fálico;

- reverberações dos fantasmas da cena primaria;

- o efeito gangue - grupalidade/ tribo/ grupo assujeitado;

- a ausência de planos de consistência para sustentar novos investimentos no universo das percepções;

-e o império das reproduções com esgotamento do instituído;

- falta de uma paixão e causa-paixão;

- e a própria insufiência de uma vida que permanece desencatada, estriada e cinzenta.

A fissura e desejo de uso que retorna com voracidade, inexplicavelmente, após, a vivência de uma desintoxicação, estando a pessoa sóbria.
Quais as hipóteses possíveis: n:

- a sobriedade é uma vida amputada;

- funcionamento normôtico, sem vitalidade, alegria e bons encontros;

- e , especificamente, a problemática das percepções.

As sensações brutas e as paixões estão sob o domínio do cronos, não retornam...

Já as percepções e a arte são experiências que ocorre na ruptura com o tempo cronológico, podendo ser reativadas...

A ressônancia desta reativação gera uma forte vontade de uso...  a fissura.

Então, a autonomia está em se produzir uma vida com singularidade, solidariedade , multiplicidade e investimentos potentes no universo perceptivo.

E o aprendizado de se bifurcar, criar outras saídas, quando do retorno destas percepções, protegendo-se não pela falta ou negatividade, mas pela criação, luta e afirmação de vida.

Re-encantemos a vida e o mundo...

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NOSSAS ESTRELAS: NEY MATOGROSSO - HOMEM COM H

sexta-feira, 18 de março de 2011

NOSSAS ESTRELAS: FEDERICO GARCÍA LORCA

SI MIS MANOS PUDIERAN DESHOJAR


Yo pronuncio tu nombre
en las noches oscuras,
cuando vienen los astros
a beber en la luna
y duermen los ramajes
de las frondas ocultas.
Y yo me siento hueco
de pasión y de música.
Loco reloj que canta
muertas horas antiguas.

Yo pronuncio tu nombre,
en esta noche oscura,
y tu nombre me suena
más lejano que nunca.
Más lejano que todas las estrellas
y más doliente que la mansa lluvia.

¿Te querré como entonces
alguna vez? ¿Qué culpa
tiene mi corazón?
Si la niebla se esfuma,
¿qué otra pasión me espera?
¿Será tranquila y pura?
¡¡Si mis dedos pudieran
deshojar a la luna!! 

 

NOSSSAS ESTRELAS: PEPEU GOMES - MASCULINO E FEMININO

NOSSAS COMPANHIAS: MICHEL FOUCAULT E A HOMOSEXUALIDADE

Foucault e a homossexualidade 

Um dos principais filósofos do século XX não só era gay, mas também foi responsável por revoluções profundas no pensamento ocidental. Michel Foucault é, até hoje, 23 anos após sua morte, um dos principais nomes citados nas discussões sobre gênero, sexualidade e poder.
Foucault nasceu em 1926 e morreu em 1984, vítima de complicações provocadas pelo HIV/aids. Seu trabalho desenvolveu-se dentro do chamado pós-estruturalismo, corrente que defende a inexistência de verdades absolutas e considera a linguagem como instrumento que cria a realidade.

              Palavras e poder
 
Desde o início, o pensamento de Foucault voltou-se para a linguagem e sua capacidade de colocar ordem no mundo. Mais ainda, as palavras são capazes de estabelecer relações de poder.Para Foucault, o poder não está localizado em instituições estanques como os Estados ou em pessoas específicas como os governantes. O poder, ao contrário, dissolve-se na teia social e nas relações – qualquer uma delas – que as pessoas estabelecem entre si. Por isso, é impossível pensar um sujeito sem poder. Também é impossível aceitar a idéia marxista do proletariado tomando o poder da burguesia – afinal, o poder está em todo o lugar. Nessa perspectiva, o poder é uma relação de forças que está em todas as partes, atravessando todas as pessoas. Para Foucault, o poder não somente reprime, mas também produz efeitos de verdade e saber, constituindo verdades, práticas e subjetividades. As palavras, no caso, servem para criar discursos que justificam a prática do poder e a dominação.
Parece complicado, mas não é. Pense no que acontece quando você fica doente. Quem é a autoridade capaz de falar sobre seu estado de saúde? O médico. Por quê? Porque socialmente há um discurso que legitima a autoridade médica. Além disso, esse discurso produz um "efeito de verdade", ou seja, é aceito como mais verdadeiro, face outras possibilidades de interpretação (uma benzedeira, um pajé ou uma anciã teriam outras visões sobre o processo saúde-doença). Mais ainda, o discurso médico determina a ação, já que o tratamento será seguido de acordo com as palavras do médico. Por esse exemplo, podemos pensar: mas isso não é bom? Afinal, o saber científico não é um avanço na civilização, que cura doenças e acaba com o sofrimento de milhões de pessoas? Em parte, sim. No entanto, Foucault revela que a ciência é, ela mesma, um discurso (palavras) que gera uma verdade sobre as coisas. Mas é somente uma verdade possível.
 Quem acompanha a situação das transexuais hoje consegue entender bem isso. Até o momento, a transexualidade é considerada uma doença no discurso médico, a chamada "disforia de gênero". Parte do movimento transexual aceita a condição de "doente" e, por isso, exige tratamento médico gratuito, uma vez que esses sujeitos foram "vítimas" de um mal que os acometeu. Nasceram com o sexo trocado, assim como alguns nascem com diabetes ou má formação de órgãos. Outra parte do movimento trans, no entanto, discorda dessa interpretação e pede que a adequação genital seja baseada no princípio da dignidade humana (no Brasil, defendido pela Constituição). Ou seja, o médico não vai tratar porque são doentes, e sim porque querem que seus genitais reflitam suas mentes. Nesse sentido, um/uma transexual não "muda de sexo". E, também, é possível pensar que há transexuais que preferem continuar com seus genitais inalterados cirurgicamente – questão essa que ainda é polêmica no movimento GLBT.
Ora, percebemos portanto como o discurso constrói realidades e legitima certas práticas. A homossexualidade no discurso médico, até pouco tempo, também era doença e podia ser tratada. E no discurso jurídico continua sendo crime passível de pena de morte (se eles soubessem o que estão perdendo iriam querer morrer disso !rs) em nove países do mundo. Esses exemplos tornam nítidas as relações entre palavras e poder, discurso e verdade, explicadas por Foucault.

Genealogia e homossexualidade

Para chegar a essas conclusões, Foucault percorreu um longo caminho, realizando pesquisas que ficam no limite entre a história, a antropologia, a sociologia e a filosofia. Estabeleceu um método por ele chamado de "genealógico" que parte de estudos históricos, mas não busca uma origem única e causa dos fatos. Estudou o poder disciplinar, a loucura e a sexualidade.
Em História da Loucura, ele mostra como os "loucos" são excluídos e confinados porque não se encaixam no processo produtivo. A "verdade" do discurso psiquiátrico serviu para isolá-los. Em Vigiar e punir, Foucault expõe como a prisão e o sistema disciplinar nas escolas serve para tornar os corpos dóceis (gente, adorei esse negócio de tornar corpos dóceis !), bem integrados socialmente e assujeitados ao poder dominante.
Mas é em História da sexualidade, obra que deixou incompleta, que Foucault mostra como é possível não se sujeitar aos poderes estabelecidos e legitimados pelos discursos dominantes. Nesse trabalho, Foucault defende que quanto mais falamos sobre sexo, mais o reprimimos. Isso porque criamos esquemas que julgam e comparam as práticas sexuais.
No entanto, a homossexualidade pode ser uma forma da pessoa se afirmar fora do discurso dominante. Em entrevista para a revista gay francesa Gai Pied, em 1981, Foucault diz: "É preciso desconfiar da tendência de levar a questão da homossexualidade para o problema 'Quem sou eu? Qual o segredo do meu desejo?' Quem sabe, seria melhor perguntar: 'Quais relações podem ser estabelecidas, inventadas, multiplicadas, moduladas através da homossexualidade?'. O problema não é descobrir em si a verdade sobre seu sexo, mas, para além disso, usar de sua sexualidade para chegar a uma multiplicidade de relações. E isso, sem dúvida, é a razão pela qual a homossexualidade não é uma forma de desejo, mas algo de desejável. Temos que nos esforçar em nos tornar homossexuais e não nos obstinarmos em reconhecer que o somos. Isso para onde caminha os desenvolvimentos do problema da homossexualidade é o problema da amizade".
Ou seja, Foucault indica como a homossexualidade pode ser transformadora, ao afirmar um cuidado de si que é alheio ao heterossexismo dominante. Diz Foucault: "Tão longe quanto me recordo, desejar rapazes é desejar relações com rapazes. E isso foi sempre, para mim, algo importante. Não forçosamente sob a forma do casal, mas como uma questão de existência: Como é possível para homens estarem juntos? Viver juntos, compartilhar seus tempos, suas refeições, seus quartos, seus lazeres, suas aflições, seu saber, suas confidências? O que é isso de estar entre homens nus, fora das relações institucionais, de família, de profissão, de companheirismo obrigatório? É um desejo, uma inquietação, um desejo-inquietação que existe em muitas pessoas". A amizade é a tônica das relações homossexuais para Foucault.
                                                                    ***
 Vamos tratar da relação entre a vida de Michel Foucault e seu pensamento, buscando detectar como sua homossexualidade aparece refletiva em sua obra. Em primeiro lugar, no entanto, é preciso destacar que não é possível estabelecer uma relação causal simplista, do tipo "como ele foi homossexual, se interessou por sexo". A vida e o pensamento de Foucault são muito mais complexos para serem reduzidos a uma equação dessa simplicidade. Alguns biógrafos e comentaristas seguem esse procedimento, mas o resultado é fraco.É este o caso de David Halperin, autor que ficou conhecido por pesquisar a homossexualidade na Grécia antiga. No livro Saint Foucault (Oxford University Press), Halperin, que é militante homosexual e editor do Gay and Lesbian Quartely, afirma que toda a obra de Foucault é decorrência de sua luta contra a perseguição homossexual. "Os homossexuais devem lutar contra a vontade imemorial de lançar o descrédito sobre eles, e combater para manter o controle da representação daquilo que são", afirma. "Quando ouço alguém dizer que Michel Foucault era homossexual mas não era apenas isso, considero que estou diante de uma versão liberal da homofobia", conclui. Será possível esse reducionismo? Será que toda a produção artística ou intelectual de um gay é determinada por sua orientação sexual? Vejamos.

Sadomasoquismo
O público em geral tem muita curiosidade de saber sobre o sadomasoquismo de Foucault. Ele, de fato, freqüentava – e não escondia isso – os clubes SM de São Francisco. Segundo Didier Eribon, biógrafo de Foucault e autor de Michel Foucault e seus contemporâneos (Jorge Zahar Editor), esse hábito fez com que alguns comentaristas arriscassem fazer relações entre o SM e a obra de Foucault. É o caso, por exemplo, de James Miller, autor de The passion of Michel Foucault (Harvard University Press), que explica o percurso intelectual de Foucault a partir de suas "experiências-limite" com o SM. Para ele, até mesmo a morte de Foucault, vítima da aids em 1984, foi "deliberadamente escolhida" em decorrência de desejos masoquistas.
Da mesma forma, a investigação de Foucault acerca das técnicas de tortura nas prisões, presente nas páginas de Vigiar e punir (Editora Vozes), é um traço SM. Miller vai mais além e diz que o slogan "Sejamos cruéis", pichado nos muros da Sorbonne em maio de 68 era resultado da influência de Vigiar e punir sobre algum estudante contestador. "Essa conclusão é no mínimo singular", afirma Eribon, "já que Foucault publicou Vigiar e punir em 1975, é pouco provável que o estudante em questão tivesse podido lê-lo em maio de 1968".
Ora, os estudos sobre a tortura e a prisão não encontram eco naquilo que Foucault escreveu sobre o SM. Muito pelo contrário, Foucault sabia separar a crueldade do sadismo e do masoquismo. "A idéia de que o SM está ligado a uma violência profunda, de que a prática SM é um meio de liberar essa violência e essa agressividade, é uma idéia estúpida", disse o próprio Foucault em entrevista à revista gay The Advocate. "Sabemos bem que essas práticas não são agressivas. Elas consistem em inventar novas possibilidades de prazer, graças à erotização das partes estranhas do corpo".
Ou seja, Foucault soube detectar o caráter teatral da cena SM. "Sabe-se muito bem que se trata sempre de um jogo. Há uma concordância, explícita ou tácita, pela qual os atores reconhecem certos limites que não devem ser ultrapassados". Dessa forma, o SM não constituiu para Foucault em uma "experiência-limite", como quer Miller. Ao contrário, aproxima-se mais de uma diversão despretensiosa do que uma ideologia.

Contra a repressão
Segundo Eribon, "o que Foucault teve que superar não foi sua homossexualidade – como poderia ele ter uma idéia tão absurda? – foi a repressão que o impedia de viver sua homossexualidade".
Claro que não é possível desvincular qualquer obra do contexto que a produz. Nesse sentido, a homossexualidade de Foucault certamente influenciou a escolha de alguns de seus objetos de pesquisa. No caso, é possível pensar que toda sua investigação sobre as formas explícitas e implícitas de dominação decorriam, de certa forma da repressão que sentiu. Em entrevista à revista francesa Revue Nouvelle, Foucault diz: "Sempre quis que cada um de meus livros fosse, em certo sentido, fragmentos de autobiografia. Meus livros sempre foram meus problemas pessoais com a loucura, a prisão, a sexualidade".
No entanto, o libelo contra a repressão, a favor da liberdade, tem alcance maior do que ser reflexo da biografia do autor. Remetem a um compromisso com a verdade.

Amizade e homossexualidade
A homossexualidade para Foucault carrega um potencial transformador baseado na amizade. É essa a parte mais sensível e poética de suas considerações sobre os homossexuais. Em outra entrevista, para a revista gay francesa Gai Pied, Foucault diz que o fato de terem de inventar suas formas de se relacionar, os gays desenvolvem novos arranjos, baseados sobretudo na amizade. "Entre um homem e uma mulher mais jovem, a instituição facilita as diferenças de idade, as aceita e as faz funcionar. Dois homens de idades notavelmente diferentes, que código têm para se comunicar? Estão um em frente ao outro sem armas, sem palavras convencionais, sem nada que os tranqüilize sobre o sentido do movimento que os leva um para o outro. Terão que inventar de A a Z uma relação ainda sem forma que é a amizade: isto é, a soma de todas as coisas por meio das quais um e outro podem se dar prazer", afirma.
Todo o debate contemporâneo sobre relacionamentos abertos ou novas famílias refletem essa amizade proposta por Foucault. É essa amizade exposta por Foucault ao responder aos jornalistas da Gai Pied. "É uma das concessões que se fazem aos outros de apenas apresentar a homossexualidade sob a forma de um prazer imediato, de dois jovens que se encontram na rua, se seduzam por um olhar, que põem a mão na bunda um do outro, e se lançando ao ar por um quarto de hora. Esta é uma imagem comum da homossexualidade que perde toda a sua virtualidade inquietante por duas razões: ela responde a um cânone tranqüilizador da beleza e anula o que pode vir a inquietar no afeto, carinho, amizade, fidelidade, coleguismo, companheirismo, aos quais uma sociedade um pouco destrutiva não pode ceder espaço sem temer que se formem alianças, que se tracem linhas de força imprevistas. Penso que é isto o que torna perturbadora a homossexualidade: o modo de vida homossexual muito mais que o ato sexual mesmo. Imaginar um ato sexual que não esteja conforme a lei ou a natureza, não é isso que inquieta as pessoas. Mas que indivíduos comecem a se amar, e aí está o problema. A instituição é sacudida, intensidades afetivas a atravessam, ao mesmo tempo, a dominam e perturbam. Olhe o exército: ali o amor entre homens é, incessantemente convocado e honrado. Os códigos institucionais não podem validar estas relações das intensidades múltiplas, das cores variáveis, dos movimentos imperceptíveis, das formas que se modificam. Estas relações instauram um curto-circuito e introduzem o amor onde deveria haver a lei, a regra ou o hábito".

 www.pimentapequi.blogspot.com

quinta-feira, 17 de março de 2011

NOSSOS SONHOS: UNIVERSIDADE POPULAR: FINALMENTE, É HORA DE ESTRADEAR...

CONVOCATÓRIA...

AMIGOS, UM SONHO SE DÁ NA CAMINHADA... ASSIM, COM ALEGRIA CONVOCAMOS A TODOS PARA AS ATIVIDADES DA UNIVERSIDADE POPULAR JUVENAL ARDUINI.
 
AS ATIVIDADES SE DARÃO JÁ, AGORA, NO PRÓXIMO SÁBADO, DIA 19 DE MARÇO DE 2011, ÀS 13 HORAS, NA RUA CAPITÃO DOMINGOS , 1079.
 
CONTAMOS COM TODOS...
 
REAFIRMAMOS QUE ELA É UM ESPAÇO PÚBLICO NÃO-ESTATAL...
 
ORGANIZARÁ TROCAS E PRODUÇÕES, DIÁLOGOS E INTERVENÇÕES NOS DIVERSOS CAMPOS DO SABER E DOS FAZERES...
 
VENHA... MULTIPLIQUE ESTA NOTÍCIA...
 
DIVULGUE COM SEUS CONTATOS, AMIGOS E COLETIVOS QUE TAMBÉM SONHAM COM UM MUNDO DE PAZ E SOLIDARIEDADE, LIBERDADE E CIDADANIA...
CONTAMOS COM VOCÊ...
 
JUNTOS, TECEREMOS UM NOVO TEMPO, NOVOS ALVORECERES...
 
NOSSA DESTINAÇÃO PODE SER RETRATADA NESTA REFLEXÃO DO MONSENHOR JUVENAL ARDUINI, NO SEU LIVRO OUSAR:
 
“ Há muito que desterritorializar. Há que alijar a mentalidade submissa. Há que emergir. E aventurar-se. E dizer a primeira palavra. E arriscar o primeiro passo. E fazer o primeiro salto. Há que peregrinar infatigavelmente. E estalar estruturas. E originar nova humanidade. Lançar sementes mais adiante. Irrigar chão seco. Recolher colheita farta. Nutrir desnutridos. E festejar a vida. Há que ser nômade seduzido por novos horizontes.”

DESBRAVEMOS NOVOS CAMINHOS E SONHOS... REINVENTEMOS A VIDA.

POR UMA NOVA TERRA, POR UM POVO POR-VIR, LUTEMOS...

UM ABRAÇO COM TERNURA...

http://www.jorgebichuetti.blogspot.com/


 

quarta-feira, 16 de março de 2011

NOSSAS ESTRELAS: TRILOGIA MACABRA (111 - A Parafernália da Tortura) - ALEX POLARI

Nos instrumentos de tortura ainda subsistem, é verdade,
alguns resquícios medievais

como cavaletes, palmatórias, chicotes que o moderno design
não conseguiu ainda amenizar
assim como a prepotência, chacotas
cacoetes e sorrisos
que também não mudaram muito.
Mas o restante é funcional
polido metálico
quase austero
algo moderno
com linhas arrojadas
digno de figurar
em um museu do futuro.

Portanto,
para o pesar dos velhos carrascos nostálgicos,
não é necessário mais rodas, trações,
fogo lento, azeite fervendo
e outras coisas
mais nojentas e chocantes.

Hoje faz-se sofrer a velha dor de sempre
hoje faz-se morrer a velha morte de sempre
com muito maior urbanidade,
sem precisar corar as pessoas bem educadas,
sem proporcionar crises histéricas
nas damas da alta sociedade
sem arrefecer os instintos
desta baixa saciedade.


NOSSAS COMPANHIAS: Geraldo Vandré - Porta Estandarte

NOSSAS COMPANHIAS: OS CAPS E OS DILEMAS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA

OS DILEMAS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: PRAXIS MILITANTE VERSUS BUROCRATIZAÇÃO
Jorge Bichuetti,  20/11/09, Congreso Internacional de Salud Mental y Derechos Humanos, Buenos Aires, Argentina.
Pensar o que fazemos no serviço e cuidar numa outra lógica é atentar para a produção do hospício no serviço aberto.
Galeano e sua pergunta – Por que Che está sempre nascendo? Por que dizia o que pensava e fazia o que dizia. Palavras e fatos raramente se encontram, e, se encontram,raramente, talvez   se reconheçem. Hoje, muitas vezes nos serviços substitutivos, necessitamos estranhar as práticas e não nos reconhecermos .
O Brasil tem um novo paradigma, dar conta do fim do hospício, da diminuição dos leitos, da exclusão da loucura, do preconceito. É a clínica do Direito à Diferença, e ela   trazendo-nos novos  o sentidos.
A burocracia é um fator de exclusão, por que dificulta o acesso. A padronização, como por exemplo, do número de usuários do serviço, as normas políticas, fragilizam os projetos. Em contrapartida a isso vem a invenção da construção humana de vínculos, o direito ao acesso, o avanço de trabalhos. E ainda assim é preciso lidar e conviver com a burocracia.
A clínica na reforma psiquiátrica, não é médica, pois esta exclui, sempre há algo a ser corrigido na loucura; é necessário uma clínica de trocas.
O manicômio é mais que um lugar de portas fechadas. É a especialização, a seguimentação, as divisões que limita a comunicação e influenciam no viver da clínica. Para Rotelli, é o lugar de troca zero. Estamos inventando um entre para o diálogo?. O saber de alguém anula o desejo do outro? Porque podemos estarfragilizando as  trocas e reinstituindo o manicômio.
No antimanicomial, a circulação é importante. É proibido entrar na cozinha, mas em casa entramos, temos acesso livre. Os espaços de convivência  quebram a lógica de algo/alguém  que cuida do defeito do outro. Precisa ser rizomatizado, é onde todos são pessoas. É a psicoterapia libertária, oficinas como espaço para arte, cultura, lazer, autonomia, onde se  possa cuidar da dor vivida pelo sofrimento mental na plenitude do exercício transversal da cidadania.
O paradigma da clínica de especialidade, fala da neutralidade. Vínculo é diferente de neutralidade, é ternura, faz sentir que o outro o contém, não no sentido da continência física, mas no da pertinência. Rompe com o cinza e o morto da vida hospitalar. A seriedade e a postura comedida  afasta o outro.
A ética e estética, não é cinza, é “Mangueira” e “Olodum”. A alegria abre perspectivas. Cria coletivo, sem o coletivo na clínica, é impossível pensar.Nele,  todos se sentem pertinentes ao dispositivo de cuidado.
Há o polarizar paranóico onde o outro é meu temor ou  cuidador. O guerreiro, combate o medo e traça condições de vida, não há como desconectar de emergências sociais, dos movimentos, sempre ligados à questão de morte/vida. É preciso haver o lugar da loucura na sociedade, e da sociedade na loucura. Urge discutir a perspectiva  da inclusão, humanização, solidariedade, cidadania. É preciso a coragem do guerreiro: a especialidade fez com que fossemos nos inibindo.
O CAPS não funciona numa perspectiva manicomial. Se assim o for, pode ser um ambulatório ou algo similar, não um CAPS. É algo que tira o homem de uma perspectiva histórica de ofício, repetitiva e alienante. É uma militância contínua. Algo próximo ao que diz Guatarri  “militar é agir”.  E Pichón “não existe cura fora da militância”. Militar é algo que carrega amor, generosidade, um movimento parecido com o de São Francisco de Assis, que foi uma militância no modo de viver e agir, onde suas limitações( se auto-mutilava e ouvia vozes)  não o impediram de viver sua subjetividade com potência de vida;  e não uma militância de decisão programática e  discursiva(autoritária).
O campo de luta das Madres, é a prática solidária real, não se perde a utopia, são sonhos compartilhados (sueños compartidos), sonhos que geram escolas, creches, trabalhos sociais. Militar é sobreviver, é o passivo e ativo que está na peça de construção de morte. È preciso viver a morte para saber disso. Pavlovsky diz que a construção de micropolíticas, pequenos grupos e os enfrentamentos necessários, produzem campos de vida.
A contribuição da especialidade cristaliza o trabalho, diminui o fluxo de democracia e trocas no trabalho e no CAPS.  Ele reproduz algo que o define. A Reforma Psiquiátrica não se faz com especialistas, mas contra os especialistas. Se eu sou reformista e o outro é anti-reformista, a transversalidade da equipe diminui, renasce o hospício, uma zona de troca zero. Se se nega a potência da transversalidade, se reproduz o manicômio.
Repensar:  o movimento de luta, o espaço no aparelho de Estado, construção ousada das experiências que  geraram o movimento psiquiátrico de vanguarda, o cuidado de usuários, o trabalhador de saúde mental; é fazer da auto-gestão e  da gestão de trocas, um espaço livre, liso.
A política do Ministério da Saúde tende a enfatizar especialistas: a clínica não é coletiva, protocolos são individuais, atos separados de ações, e  de outros especialistas.
A coletividade deve ser a   referência, o coletivo é difícil de ser montado, mas é um fim em si mesmo, gera troca, é continente. O lugar do crescimento não é o lugar da especificidade, enquanto ato, seja médico, psicológico, psiquiátrico ou de terapia ocupacional.
Pensar em reforma, não é pensar como conceito, é, a partir e além de si, pensar na dor do outro. É atentar para o crescimento do poder hospitalizante hoje, para a indicação cada vez mais freqüente de ETC e reafirmar nossos princípios..
Ser funcionário e ocupar funções, é estar bem com uma ética profissional, normatizada. Mas decidir qual o caminho e a direção terapêutica singularizante,    é uma ética pessoal e   coletiva. A portaria é apenas um mediador, que deve ser subsumida pela   ética do direito à diferença.
O que nos cabe é perceber diante do sonho de uma clínica transversal de devires, a construção do novo mundo com direito à diferença.
Quero ser um burocrata? Ou ser um revolucionário? Se não somos na reforma militantes  partidários, somos militantes micropolíticos... Qual chamamento para a vida tem sentido? São alguns perigos que temos na saúde mental, somos pouco nascedores, temos pouco espírito de Che, de ser um eterno nascedor.
É preciso questionar o lugar de poder da especialidade, se vou fazer uma cirurgia plástica, quero um bom cirurgião, mas se sou louco, quero uma equipe transversal, solidária com espírito guerreiro e ternura; que conheça a especialidade, mas que não tome posse dela evitar, bloquear e inibir a vida, potencializar oos vínculos e os espaços de singularização.
 Não tem como trabalhar sem maternagem no CAPS, não há CAPS sem festa: o CAPs não pode se converter num aparato cinzento de intervenções anêmicas e de silêncio normatizador.
Ousemos... Inventemos... E que  repitamos com os surrealistas: não será o medo da loucura que nos fará baisxar as bandeiras da imaginação.
Pelo direito à loucura, pela defesa da inclusão social e dos direitos humanos, por fazer caber na sociedade a loucura, tomemos de assalto... a rua, a cidade e o céu.
 
 

terça-feira, 15 de março de 2011

NOSSAS ESTRELAS: MERCEDES SOSA - GRACIAS A LA VIDA

NOSSAS ESTRELAS: POEMA 1 PABLO NERUDA

Cuerpo de mujer, blancas colinas, muslos blancos,

te pareces al mundo en tu actitud de entrega.

Mi cuerpo de labriego salvaje te socava

y hace saltar el hijo del fondo de la tierra.



Fui solo como un túnel. De mí huían los pájaros

y en mí la noche entraba su invasión poderosa.

Para sobrevivirme te forjé como un arma,

como una flecha en mi arco, como una piedra en mi honda.


Pero cae la hora de la venganza, y te amo.

Cuerpo de piel, de musgo, de leche ávida y firme.

Ah los vasos del pecho! Ah los ojos de ausencia!

Ah las rosas del pubis! Ah tu voz lenta y triste!



Cuerpo de mujer mía, persistirá en tu gracia.

Mi sed, mi ansia sin limite, mi camino indeciso!

Oscuros cauces donde la sed eterna sigue,

y la fatiga sigue, y el dolor infinito.
 
 
 

Uma noite, um sonho...

Homenagem ao Dia Internacional da Mulher
Celso Peito Macedo Filho
Hoje, chego em casa, com uma grande alegria, o que aquece meu coração de esperança.
Realizamos uma Homenagem ao Dia Internacional da Mulher, sem nenhum apoio estatal. Alguns bravos lutadores que conseguiram fazer a voz das massas oprimidas ecoarem.
Denunciamos muitas vezes nossa própria omissão frente à violência praticada contra a mulher, a naturalização desta pela sociedade fortemente machista e heterossexual, e as demais violências de gênero praticada. A ausência, ainda, de uma rede de proteção legal mais efetiva.
Reunimos cerca de noventa pessoas das mais diversas áreas (saúde, pedagogia, direito, serviço social, jornalismo, administração, geografia), de várias cidades da Região, num dia esplêndido.
Muita alegria, música, poesia (festejamos o dia da poesia), flores, brincadeiras e uma riquíssima discussão onde as pessoas permaneceram por mais de três horas.
Múltiplas afetações, transversalidades e o sentimento que juntos podemos fazer muito...
Utopias compartilhadas, desejos de inventar um novo Mundo Possível, onde a solidariedade e a produção de coletivos podem transformar a vida das pessoas que sofrem.
Lembrou-se das potências dos espaços virtuais, das possibilidades de conexões.
Muitos jovens, todos atentos, um verdadeiro silêncio durante as falas e uma forte vibração quando alguém contestava algo que rompia os velhos conceitos instituídos.
Escutei de um velho músico que nos emprestava seu equipamento (sua fonte de sobrevivência) “Eu sei que o que tá acontecendo é pra melhorá a vida da gente. Se é assim, a hora que precisá pode contá comigo.”.
Uma garota e seu violão que inicia sua carreira apostando numa luta de mudanças culturais.
Muita chuva, mas um espaço quente e acolhedor.
Onde foi possível fazer justiça aos migrantes que chegam em nossa cidade e muitas vezes são culpabilizados pela violência.
Um pedaço de sonho que perpassou os corpos.
Uma noite de sonhos compartilhados!!!

segunda-feira, 14 de março de 2011

NOSSAS ESTRELAS: POEMAS PARA TODAS AS MULHERES - VINÍCIUS DE MORAES

No teu branco seio eu choro.
Minhas lágrimas descem pelo teu ventre
E se embebedam do perfume do teu sexo.
Mulher, que máquina és, que só me tens desesperado
Confuso, criança para te conter!
Oh, não feches os teus braços sobre a minha tristeza não!
Ah, não abandones a tua boca à minha inocência, não!
Homem sou belo
Macho sou forte, poeta sou altíssimo
E só a pureza me ama e ela é em mim uma cidade e tem mil e uma portas.
Ai! teus cabelos recendem à flor da murta
Melhor seria morrer ou ver-te morta
E nunca, nunca poder te tocar!
Mas, fauno, sinto o vento do mar roçar-me os braços
Anjo, sinto o calor do vento nas espumas
Passarinho, sinto o ninho nos teus pêlos...
Correi, correi, ó lágrimas saudosas
Afogai-me, tirai-me deste tempo
Levai-me para o campo das estrelas
Entregai-me depressa à lua cheia
Dai-me o poder vagaroso do soneto, dai-me a iluminação das odes, dai-me o [cântico dos cânticos
Que eu não posso mais, ai!
Que esta mulher me devora!
Que eu quero fugir, quero a minha mãezinha quero o colo de Nossa Senhora!



NOSSAS ESTRELAS: MARIA BETHÂNIA INTERPRETANDO OLHOS NOS OLHOS

NOSSAS ESTRELAS: HOMENAGEM AO DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Caros Amigos,

O Instituto Gregório Baremblitt convida a todos para:

14/3/2011 (segunda-feira) - 19h30min – Casa do Advogado - Rua Castro Alves n° 110, Centro, Frutal/MG
 
Homenagem ao Dia Internacional da Mulher

“Gênero e Violência contra a Mulher”

 Presentes: Dr. Renato Teixeira, Promotor de Justiça; Lilian Viscone, Assistente Social do CAPS/Frutal; Rodrigo Costa, Sociólogo, Professor da FAF e UEMG/Frutal; Daura de Freitas, Assistente Social do Centro Viva Vida; Ana Helena Diniz, Psicóloga do CAPS/Frutal.



 

domingo, 13 de março de 2011

NOSSAS ESTRELAS: Maria Bethânia, Yayá Masemba

NOSSAS ESTRELAS: MANIFESTO CARNAVALESCO

Aos mais desavisados
– esses que se acham muito bem informados –
Vão soar como esquizofrenia
Minhas palavras sobre o carnaval da Bahia.
Contudo, aviso aos navegantes:
Não estou só. Tenho amigos nada ignorantes
Que não se iludem com dogmas, com o mítico
E, sempre, mantêm afiado o senso crítico.
Em Salvador, diz o governo (não é ilusão):
Brincam o carnaval menos de 22% da população.
Quem aproveita mesmo é a turistada
Que usa, abusa e deixa nossa Soterópolis acabada.
O folião pipoca, com seu minguado dinheiro
Se espreme entre a polícia e o “cordeiro”.
Os blocos – condomínios particulares ambulantes –
Usurpam o direito de ir e vir do casal de amantes
Que não quer pagar por um abadá cretino
Para não se tornar, das oligarquias momescas, inquilino.
Como disseram em Ondina, num improvisado letreiro:
“Todo bloco de corda tem um pouco de navio negreiro”.
Basta uma breve passada pela avenida
Para sentir o queimar da velha ferida:
Dentro, “gente bonita”, selecionada, se diverte;
Fora, o povo é enxotado como se fosse a Peste.
Só de lembrar me ataca a azia!
Wanda Chase dizendo que o carnaval é uma democracia.
A Luiz, Moraes, Gerônimo e todos que tiveram opinião
Lhes foi negado um decente quinhão.
Presentearam com trios esquisitos, não deram o verdadeiro valor
A estes caras que inventaram o Carnaval de Salvador.
E pra deixar minha úlcera ruim, pior,
Durval Lélis diz que devia haver um circuito privado, indoor.
Talvez, assim, ele não tenha a incomensurável agrura
De ver, em seu bloco de gente bonita, feiura.
A feiura do povo, do pobre, do preto
Quem não vem de bairro nobre, mas, sim, do gueto.
Daniela, a Rainha Decadente,
Com sorriso bonito, mas veneno de serpente,
Sugeriu que os trios independentes acelerassem
Para que o povo dos camarotes, por mais tempo, a ela admirassem.
Sobre Bell, já me disseram: “Rapaz, deixe lá, não se meta
Porque o cara é enviado direto do capeta”.
Não duvido, pois o jeito que leva seus devotos na mão,
Só se tiver feito um pacto com o Cramunhão.
Mas entendo que (entre tantos) Dani, Durval, Ivete e Bell
Já caíram alguns degraus daquele lugarzinho no imaginário céu.
A repetição é tanta e ostracismo tão iminente
Que tem até compositor reclamando de “excesso de contingente”.
Aproveitando uma das poucas vantagens da mais avançada idade
Não incorrerei no erro de discutir, da música, a qualidade:
O que é bom pra mim pode ser ruim pra você.
Vai que eu amo rádio e você é louco por TV?
A diferença em si é bela, assaz salutar
Desde que haja espaço para TODO MUNDO brincar.
Para mim, em suma, isto chamado, em Salvador, de Carnaval
É a institucionalização oficial da segregação racial.


http://incognitodomisterio.blogspot.com/

NOSSAS COMPANHIAS: MANIFESTO PELA PAZ!!!!!

MANIFESTO À COMUNIDADE FRUTALENSE


A Chapa Ação DCE UEMG-FRUTAL 2010/2011, apoiou o movimento pela paz, feito pela sociedade civil frutalense junto com algumas entidades filantrópicas e alguns membros do poder público, movimento esse que diante ao elevado número de crimes que vem acontecendo na cidade de Frutal, decidiu fazer uma caminhada pela paz no sábado dia 26/02/2011 e uma reunião extraordinária na Câmara Municipal para discussão do tema.

O apoio do DCE é um apoio crítico, pois nós acreditamos sim no poder da manifestação popular e na discussão das entidades e dos políticos sobre o tema, porém acreditamos que só se manifestar sem tocar nas questões estruturais do problema da violência não resultará em nada. Assim acreditamos que os valores do progresso que vem sendo dado a sociedade frutalense é um forte fator que vem resultando nesse aumento do índice da criminalidade, pois as conquistas mais destacadas são as indústrias e  a universidade, porém não é feita uma análise crítica sobre isso. Sobre qual o tipo de ser humano que está envolvido nesse progresso. Se for simplesmente um ser humano que realiza o seu trabalho e seu estudo para melhorar os índices econômicos e sobre a educação ou se é realmente a formação de um ser humano que tenha capacidade reflexiva sobre a realidade em que ele está inserido.

Dentro da nossa avaliação o que se vê cada vez mais em nossa sociedade é apenas o consumo e os valores individualistas típicos do neoliberalismo, ou seja, esse progresso que estamos atravessando em nossa sociedade não é nada mais do que reflexo do mundo em que estamos inseridos. Um mundo baseado na competição e na exploração seja do homem ou da natureza, essa exploração vem sendo feita de maneira desenfreada e junto com a lógica de produção, de consumo e ideológica, junto com uma forte desigualdade social que é típica do sistema econômico em que estamos inseridos, e logicamente irá gerar autos índices de criminalidade.  É só olhar em todo nosso país e na grande maioria do mundo que a violência está sempre em pauta sendo discutidas apenas formas repressivas de combate, ficando de lado as atitudes preventivas que possamos tomar através da educação.

Sugerimos a inversão de valores da sociedade, que o trabalho não seja apenas para suprir as necessidades básicas, que ele seja para formar um ser humano com capacidade reflexiva sobre sua produção e sobre o mundo que ele está inserido e para isso que a educação atue de acordo com os interesses da sociedade e não de acordo com os interesses de uma classe ou a perpetuação de um modelo econômico.

Acreditamos que uma medida eficaz nesse momento é a integração entre os estudantes e a sociedade, entre a universidade e as escolas, através de projetos que levem as pessoas não só a necessidade de ser uma mão-de-obra especializada, mas sim que somos seres humanos e vivemos em comunidade e só juntos podemos transformar a realidade.

Propomos agora que sejam elaborados projetos que realmente integrem a universidade e a sociedade, através de encontros nas escolas públicas que possibilitem que os estudantes e os professores da universidade dialoguem com trabalhadores e seus filhos também estudantes, vários temas que envolvem nosso dia-a-dia, além disso, realizando apresentações culturais como, apresentações de filmes, teatros e leituras e por fim levar o esporte para a vida das pessoas buscando a integração entre as associações de Bairros e o Diretório Central dos Estudantes, órgão este autorizado por seu Estatuto a realizar parcerias com entidades do setor público ou privado, desde que para satisfazer interesses do DCE. Sendo claro que é do interesse deste Diretório Acadêmico, buscar a integração da Universidade com a comunidade e principalmente atuar na luta contra a desigualdade social no Município de Frutal.

 Essa medida deve partir das pessoas que realmente querem construir uma nova sociedade e para que algum dia nossos filhos ou netos não tornem um dos principais temas de suas discussões à violência como faz nos dias de hoje.

VIOLÊNCIA E INJUSTIÇA SOCIAL

Colocar como motivo da violência local quem é de fora é reducionismo, irresponsabilidade, falta de embasamento do tema e determinismo!
Respeitamos os sentimentos das pessoas, dos amigos e famílias que sofrem neste momento.
Louvamos as iniciativas das pessoas e autoridades em quererem a paz e somamos nossos sentimentos a todos.
Mas temos um ótimo momento pra desmistificarmos o discurso conveniente e passional de que os imigrantes/trabalhadores "são os responsáveis" por algo que tem raízes mais profundas e complexas na questão social.
A lógica desse pensamento/discurso é analogamente a mesma que serviu de justificativa para horrores étnicos e relgiosos como, por exemplo, o holocausto e o confronto entre tutsis e hutus (Ruanda), ou mesmo o que ocorre neste momento em Darfur, no Sudão.
Peço cautela e responsabilidade para aqueles que formam opinião. Os crimes hediondos em Frutal, em um espaço de 30 horas, por demais que nos chocaram. E não podemos nos calar.
Mas peço principalmente aos alunos/as de todos os lugares que coloquem em prática através da reflexão o que aprendem e dialogam com seus professores de ética, sociologia, história, política, filosofia, antropologia, geografia...
É um momento especial que nos ajuda a sermos de fato críticos e responsáveis sem perder a noção das coisas, por mais difícil que seja diante de tanta atrocidade. O rumo que as coisas estão tomando e o que andamos a ouvir pelas rádios sobre os acontecimentos últimos são demasiadamente perigosos.
Tal postura pode nos levar a combater os efeitos como causa.
Rodrigo Furtado (cientista social, UEMG/Frutal e FAF)