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O INSTITUTO GREGORIO BAREMBLITT nasce do encontro de um grupo de amigos com um desejo comum de reinventar novas práticas sociais. Para tanto constituímos uma associação sem fins lucrativos. Seu nome é uma homenagem ao psiquiatra, psicoterapeuta, professor, pesquisador, analista e interventor institucional, esquizoanalista, esquizodramatista e escritor Gregorio Franklin Baremblitt. Nosso desejo é que este dispositivo tenha uma inserção social e que possamos construir com nossa comunidade um Outro Mundo Possível.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Para Dilma Rousseff: o feminino e a política atual

Dilma Rousseff, como mulher, desperte para sua missão histórica única. Sua candidatura é providencial para o Brasil e para o equilíbrio da Mãe Terra. Que os eleitores, homens e mulheres, ao elegê-la Presidenta, se tornem artífices de um processo de regeneração e de um destino bom para todos.
A reflexão antropológica dos últimos anos tem mostrado que masculino-feminino não são entidades autônomas, mas princípios ou fontes de energia que continuamente constroem o humano como homem e mulher. Estes são resultado da ação destes princípios anteriores e subjacentes que se realizam em densidades diferentes em cada um deles.

O feminino no homem e na mulher é aquele momento de integralidade, de profundidade abissal, de capacidade de pensar com o próprio corpo, de decifrar mensagens escondidas sob sinais e símbolos, de interioridade, de sentimento de pertença a um todo maior, de cooperação, de compaixão, de receptividade, de poder gerador e nutridor e de espiritualidade.

O masculino na mulher e no homem exprime o outro pólo do ser humano, de razão, de objetividade, de ordenação, de poder, até de agressividade e de materialidade. Pertence ao masculino na mulher e no homem o movimento para a transformação, para o trabalho, para o uso da força, para a clareza que distingue, separa e ordena. Pertence ao feminino no homem e na mulher a capacidade de repouso, de cuidado, de conservação, de amor incondicional, de perceber o outro lado das coisas, de cultivar o espaço do mistério que desafia sempre a curiosidade a a vontade de conhecer.

Observe-se: não se diz que o homem realiza tudo o que comporta o masculino e a mulher tudo o que expressa o feminino. Trata-se aqui de princípios presentes em cada um, estruturadores da identidade pessoal do homem e da mulher.

Continua sendo o drama da cultura patriarcal o fato de ter usurpado o princípio masculino somente para o homem fazendo com que ele se julgasse o único detentor de racionalidade, de mando, de construção da sociedade, relegando para a privacidade e para tarefas de dependência a mulher, não raro, considerada um apêndice, objeto de adorno e de satisfação. Ao não integrar o feminino em si, se enrijeceu e se desumanizou. Por outra parte, impedindo que a mulher realizasse o seu masculino, fragilizou-a e lhe fez surgir um sentimento de implenitude. Ambos se depauperaram e mutilaram a construção da figura do ser humano uno e diverso, recíproco e igualitário.

A superação deste obstáculo cultural é a primeira condição para uma relacionamento de gênero mais integrador e justo para cada uma das partes.

O movimento feminista mundial colocou em xeque o projeto do patriarcado que dominou por séculos e desconstruiu as relações de gênero organizadas sob o signo da opressão e da dependência. Inaugurou relações mais simétricas e cooperativas. Tais avanços deixam entrever os albores de uma virada no eixo cultural da humanidade. Esboça-se por todas as partes um novo tipo de manifestação do feminino e do masculino em termos de parcerias, de colaboração e de solidariedade nas quais homens e mulheres se acolhem em suas diferenças no horizonte de uma profunda igualdade pessoal, de origem e de destino, de tarefa e de compromisso na construção de mais benevolência para com a vida e a Terra e de formas sociais mais participativas e solidárias.

Mas no momento atual, vivemos uma situação singular da humanidade. Como espécie, estamos num novo limiar. O aquecimento global, a exaustão dos bens e serviços naturais, a escassez de água potável e o estresse do sistema-vida e do sistema-Terra no colocam esse dilema: ou nos parimos como outra espécie humana, com outra consciência e responsabilidade ou iremos ao encontro da escuridão. O Brasil, dada a sua situação ecogeográfica privilegiada, deve assumir seu lugar central na construção do novo equilíbrio da Terra ou corremos risco de um caminho sem retorno.

É nesse momento que se exigem como nunca antes na história a vivência dos valores do feminino, da anima, como os descrevemos acima: dar centralidade à vida, ao cuidado, à cooperação, à compaixão e aos valores humanos universais.

Dilma Rousseff, como mulher, desperte para sua missão histórica única. Sua candidatura é providencial para o Brasil e para o equilíbrio da Mãe Terra. Que os eleitores, homens e mulheres, ao elegê-la Presidenta, se tornem artífices de um processo de regeneração e de um destino bom para todos.

(*) Leonardo Boff escreveu com Rose Marie Muraro, Feminino e Masculino (Record) 2002.

Leonardo Boff é teólogo e escritor.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Dois pesos...

02 de outubro de 2010 | 0h 00

Maria Rita Kehl - O Estado de S.Paulo
Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.
Se o povão das chamadas classes D e E - os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil - tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola.
Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por "uma prima" do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.
Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso. Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da "esmolinha" é político e revela consciência de classe recém-adquirida.
O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de "acumulação primitiva de democracia".
Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano.
Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Leonardo Boff apóia aliança entre Marina e Dilma

Leonardo Boff apóia aliança entre Marina e Dilma
Há dois projetos em ação: um é o neoliberal ainda vigente no mundo e no Brasil apesar da derrota de suas principais teses na crise de 2008. Esse nome visa dissimular aos olhos de todos, o caráter altamente depredador do processo de acumulação, concentrador de renda que tem como contrapartida o aumento vertiginoso das injustiças, da exclusão e da fome. José Serra representa esse ideário. O outro projeto é o da democracia social e popular do PT. Sua base social é o povo organizado e todos aqueles que pela vida afora se empenharam por um outro Brasil. Dilma Rousseff se propõe garantir e aprofundar a continuidade deste projeto. É aquí que entra a missão de Marina Silva com seus cerca de vinte milhões de votos. O artigo é de Leonardo Boff.
O Brasil está ainda em construção. Somos inteiros mas não acabados. Nas bases e nas discussões políticas sempre se suscita a questão: que Brasil finalmente queremos?

É então que surgem os vários projetos políticos elaborados a partir de forças sociais com seus interesses econômicos e ideológicos com os quais pretendem moldar o Brasil.

Agora, no segundo turno das eleições presidenciais, tais projetos repontam com clareza. É importante o cidadão consciente dar-se conta do que está em jogo para além das palavras e promessas e se colocar criticamente a questão: qual dos projetos atende melhor às urgências das maiorias que sempre foram as “humilhadas e ofendidas” e consideradas “zeros econômicos” pelo pouco que produzem e consomem.

Essas maiorias conseguiram se organizar, criar sua consciência própria, elaborar o seu projeto de Brasil e digamos, sinceramente, chegaram a fazer de alguém de seu meio, Presidente do pais, Luiz Inácio Lula da Silva. Fou uma virada de magnitude histórica.

Há dois projetos em ação: um é o neoliberal ainda vigente no mundo e no Brasil apesar da derrota de suas principais teses na crise econômico-financeira de 2008. Esse nome visa dissimular aos olhos de todos, o caráter altamente depredador do processo de acumulação, concentrador de renda que tem como contrapartida o aumento vertiginoso das injustiças, da exclusão e da fome. Para facilitar a dominação do capital mundializado, procura-se enfraquecer o Estado, flexibilizar as legislações e privatizar os setores rentáveis dos bens públicos.

O Brasil sob o governo de Fernando Henrique Cardoso embarcou alegremente neste barco a ponto de no final de seu mandato quase afundar o Brasil. Para dar certo, ele postulou uma população menor do que aquela existente. Cresceu a multidão dos excluidos. Os pequenos ensaios de inclusão foram apenas ensaios para disfarçar as contradições inocultáveis.

Os portadores deste projeto são aqueles partidos ou coligações, encabeçados pelo PSDB que sempre estiveram no poder com seus fartos benesses. Este projeto prolonga a lógica do colonialismo, do neocolonialismo e do globocolonialismo pois sempre se atém aos ditames dos paises centrais.

José Serra, do PSDB, representa esse ideário. Por detrás dele estão o agrobusiness, o latifúndio tecnicamente moderno e ideologicamente retrógrado, parte da burguesia financeira e industrial. É o núcleo central do velho Brasil das elites que precisamos vencer pois elas sempre procuram abortar a chance de um Brasil moderno com uma democracia inclusiva.

O outro projeto é o da democracia social e popular do PT. Sua base social é o povo organizado e todos aqueles que pela vida afora se empenharam por um outro Brasil. Este projeto se constrói de baixo para cima e de dentro para fora. Que forjar uma nação autônoma, capaz de democratizar a cidadania, mobilizar a sociedade e o Estado para erradicar, a curto prazo, a fome e a pobreza, garantir um desenvolvimento social includente que diminua as desigualdades. Esse projeto quer um Brasil aberto ao diálogo com todos, visa a integração continental e pratica uma política externa autônoma, fundada no ganha-ganha e não na truculência do mais forte.

Ora, o governo Lula deu corpo a este projeto. Produziu uma inclusão social de mais de 30 milhões e uma diminuição do fosso entre ricos e pobres nunca assistido em nossa história. Representou em termos políticos uma revolução social de cunho popular pois deu novo rumo ao nosso destino. Essa virada deve ser mantida pois faz bem a todos, principalmente às grandes maiorias, pois lhes devolveu a dignidade negada.

Dilma Rousseff se propõe garantir e aprofundar a continuidade deste projeto que deu certo. Muito foi feito, mas muito falta ainda por fazer, pois a chaga social dura já há séculos e sangra.

É aquí que entra a missão de Marina Silva com seus cerca de vinte milhões de votos. Ela mostrou que há uma faceta significativa do eleitorado que quer enriquecer o projeto da democracia social e popular. Esta precisa assumir estrategicamente a questão da natureza, impedir sua devastação pelas monoculturas, ensaiar uma nova benevolência para com a Mãe Terra. Marina em sua campanha lançou esse programa. Seguramente se inclinará para o lado de onde veio, o PT, que ajudou a construir e agora a enriquecer. Cabe ao PT escutar esta voz que vem das ruas e com humildade saber abrir-se ao ambiental proposto por Marina Silva.

Sonhamos com uma democracia social, popular e ecológica que reconcilie ser humano e natureza para garantir um futuro comum feliz para nós e para a humanidade que nos olha cheia de esperança.

(*) Leonardo Boff é teólogo

domingo, 3 de outubro de 2010

MESTRES DO CAMINHO: SADER E SUA MIRADA SOBRE LULA E DILMA

Lula: nordestino, operário, brasileiro

                                                                             EMIR SADER
Fomos nos acostumando tanto com o sucesso de Lula, seja no seu governo, seja na projeção internacional, que às vezes não temos suficientemente presente todas as dimensões desse fenômeno. Pudemos entrevistá-lo e nos darmos conta do amadurecimento político com que Lula chega ao fim do mandato, o entusiasmo com que termina esses impressionantes 8 anos e as qualidades que lhe permitiram, em uma arquitetura genial, ser o artífice da candidatura da Dilma.
Solicitamos a entrevista, conseguida para três dias antes das eleições, horas depois de Lula ter chegado do penúltimo comício, em Sergipe, e horas antes do último, no ABC (ele promete seguir fazendo passeatas silenciosas – permitidas pela legislação eleitoral).
Quisemos que fosse uma modalidade mais ampla, democrática. Para isso, convidamos os dois principais diários de esquerda do continente – Página 12, da Argentina, que mandou o melhor jornalista argentino da atualidade, Martin Granovski, e La Jornada, do México, que mandou sua notável diretora, Carmen Lira. Ambos tem tiragens importantes – La Jornada é o segundo em tiragem no México, com 8 edições regionais -, com sites com entradas diárias muito grandes, publicações que destoam claramente do resto da imprensa dos seus países, muito similar à nossa.
Por outro lado, quisemos abrir consultas com os leitores sobre as perguntas que gostariam de fazer a Lula, sabendo que seria impossível fazê-las todas, pela quantidade, mas para sentir os temas principais de interesse dos leitores. Eu disse a Lula que, no momento do início da entrevista, já havia mais de 250 perguntas, que nos comprometíamos a fazer-lhe chegar todas por escrito.
Nos reunimos com Lula, os três, alternando as perguntas e às vezes estabelecendo um diálogo. Assistiram ou passaram em algum momento, Gilberto Carvalho, Franklin Martins, Alexandre Padilha e Marco Aurélio Garcia. No final pudemos conversar um pouco em off com o Lula. Na saída já nos entregaram o DVD com a gravação integral da reunião, nos enviaram fotos e mais tarde a entrevista integralmente degravada.
Claramente o tema das comunicações foi dos mais reiterados, como se pode ver pela íntegra da entrevista publicada. Quisemos que fosse publicada na íntegra. Esta também deve ser uma prática da imprensa alternativa, não se dar o direito de selecionar o que parece a editores valer a pena submeter aos leitores. A internet não deve ser só um meio tecnicamente diferenciado, mas uma forma diferente, pluralista, alternativa, de fazer comunicação.
Apesar das intensas atividades e emoções correspondentes, Lula estava com ótimo ânimo, coerente com o tamanho da vitória que se aproxima. Despreocupado se a vitória se dará no primeiro turno – hipótese claramente mais provável – ou no segundo, mas seguro de que termina seu mandato – como disse ele, onde muitos nem começaram – realizando o fundamental com que se comprometeu – a prioridade do social era a substância do discurso na primeira campanha vitoriosa.
Nos acostumamos – como dizia no começo deste texto – com esse sucesso, mas é bom parar um pouco e pensar suas reais dimensões e facetas. Nos esquecemos, de tanto ter incorporado, o verdadeiro peso de Lula ter duas determinações essenciais – imigrante nordestino e operário. Duas marcas discriminadas e marginalizadas no Brasil. Nos meus anos 50, os nordestinos – chamados de "cabeças-chata", "paraíbas" – eram a categoria mais baixa da ordem social. Sua imagem cotidiana era a do trabalhador da construção civil – sem casa, sem identidade, quase anônimo. Pertenciam àquela imensa leva de imigrantes que, com as terríveis secas do nordeste nos anos 50, mais o imenso boom econômico de São Paulo – “A cidade que mais cresce no mundo, constroem-se quatro casas pro hora”, se propalava, orgulhosamente, sem a consciência das monstruosidades que esse crescimento rápido e desordenado estava produzindo.
Mesmo sendo operário, do setor tecnologicamente mais avançado da economia – a industria automobilística chegou a representar, direta ou indiretamente, ¼ do PIB brasileiro -, pertencia a uma categoria que nunca foi devidamente valorizada no Brasil. Foram poucas gerações como a de Lula, com o processo industrial em expansão, com a valorização da imagem do operário. Logo veio a ditadura, depois o neoliberalismo e a desqualificação do trabalhador, do mundo do trabalho, do desenvolvimento econômico.
Pois é Lula, imigrante nordestino, operário, que personificou esses 8 anos importantíssimos para resgatar o Brasil, rebaixado e avacalhado por Collor e FHC. Para resgatar o Estado brasileiro, um modelo de desenvolvimento econômico e social que permite, pela primeira vez, diminuir a desigualdade social no país mais desigual do continente mais desigual do mundo, para levar adiante uma política internacional soberana, centrada no Sul do mundo.
Lula sai mais fresco do que quando entrou no governo. Dinâmico, mais experiência, com ar de estadista, de construtor de um projeto hegemônico, com um profundo sentimento brasileiro e latinoamericano, com amor pela África, com o orgulho de que o povo brasileiro o sinta como um deles, com o sentimento de voltar para São Bernardo e tomar umas biritas com os mesmos amigos que deixou quando veio a Brasília se tornar o primeiro presidente operário, o primeiro a eleger seu sucessor, o primeiro a promover a eleição de uma mulher como presidente do Brasil.
Esse é o Lula que encontramos ontem – cuja entrevista pode ser lida integralmente na Carta Maior -, que vota no domingo em São Bernardo, para onde irá Dilma, depois de votar em Porto Alegre, viajando ambos no final da tarde para Brasília, esperar os resultados que devem consagrar nas urnas o melhor governo que o Brasil já teve e apontar para a consolidação da construção de uma sociedade justa, solidária e soberana. Esse Lula, a encarnação mesma do brasileiro, do que de melhor têm os brasileiros, essa Dilma, que representa a trajetória digna de uma militante da luta contra a ditadura, de construtora desse Brasil pelo qual lutávamos e continuamos lutando, mudando os métodos de luta, mas nunca mudando de lado – como ela gosta de destacar.



sexta-feira, 1 de outubro de 2010

MESTRES DO CAMINHO: FREI BETO

Dez conselhos para os militantes da esquerda
Frei Betto1. Mantenha viva a indignação.
Verifique periodicamente se você é mesmo de esquerda. Adote o critério de Norberto Bobbio: a direita considera a desigualdade social tão natural quanto a diferença entre o dia e a noite. A esquerda encara-a como uma aberração a ser erradicada.
Cuidado: você pode estar contaminado pelo vírus social-democrata, cujos principais sintomas são usar métodos de direita para obter conquistas de esquerda e, em caso de conflito, desagradar aos pequenos para não ficar mal com os grandes.
2. A cabeça pensa onde os pés pisam.
Não dá para ser de esquerda sem "sujar" os sapatos lá onde o povo vive, luta, sofre, alegra-se e celebra suas crenças e vitórias. Teoria sem prática é fazer o jogo da direita.
3. Não se envergonhe de acreditar no socialismo.
O escândalo da Inquisição não faz os cristãos abandonarem os valores e as propostas do Evangelho. Do mesmo modo, o fracasso do socialismo no Leste europeu não deve induzi-lo a descartar o socialismo do horizonte da história humana.
O capitalismo, vigente há 200 anos, fracassou para a maioria da população mundial. Hoje, somos 6 bilhões de habitantes. Segundo o Banco Mundial, 2,8 bilhões sobrevivem com menos de US$ 2 por dia. E 1,2 bilhão, com menos de US$ 1 por dia. A globalização da miséria só não é maior graças ao socialismo chinês que, malgrado seus erros, assegura alimentação, saúde e educação a 1,2 bilhão de pessoas.
4. Seja crítico sem perder a autocrítica.
Muitos militantes de esquerda mudam de lado quando começam a catar piolho em cabeça de alfinete. Preteridos do poder, tornam-se amargos e acusam os seus companheiros(as) de erros e vacilações. Como diz Jesus, vêem o cisco do olho do outro, mas não o camelo no próprio olho. Nem se engajam para melhorar as coisas. Ficam como meros espectadores e juízes e, aos poucos, são cooptados pelo sistema.
Autocrítica não é só admitir os próprios erros. É admitir ser criticado pelos(as) companheiros(as).
5. Saiba a diferença entre militante e "militonto".
"Militonto" é aquele que se gaba de estar em tudo, participar de todos os eventos e movimentos, atuar em todas as frentes. Sua linguagem é repleta de chavões e os efeitos de sua ação são superficiais.
O militante aprofunda seus vínculos com o povo, estuda, reflete, medita; qualifica-se numa determinada forma e área de atuação ou atividade, valoriza os vínculos orgânicos e os projetos comunitários.
6. Seja rigoroso na ética da militância.
A esquerda age por princípios. A direita, por interesses. Um militante de esquerda pode perder tudo - a liberdade, o emprego, a vida. Menos a moral. Ao desmoralizar-se, desmoraliza a causa que defende e encarna. Presta um inestimável serviço à direita.
Há pelegos disfarçados de militante de esquerda. É o sujeito que se engaja visando, em primeiro lugar, sua ascensão ao poder. Em nome de uma causa coletiva, busca primeiro seu interesse pessoal.
O verdadeiro militante - como Jesus, Gandhi, Che Guevara - é um servidor, disposto a dar a própria vida para que outros tenham vida. Não se sente humilhado por não estar no poder, ou orgulhoso ao estar. Ele não se confunde com a função que ocupa.
7. Alimente-se na tradição da esquerda.
É preciso oração para cultivar a fé, carinho para nutrir o amor do casal, "voltar às fontes" para manter acesa a mística da militância. Conheça a história da esquerda, leia (auto)biografias, como o "Diário do Che na Bolívia", e romances como "A Mãe", de Gorki, ou "As Vinhas de Ira", de Steinbeck.
8. Prefira o risco de errar com os pobres a ter a pretensão de acertar sem eles. 
Conviver com os pobres não é fácil. Primeiro, há a tendência de idealizá-los. Depois, descobre-se que entre eles há os mesmos vícios encontrados nas demais classes sociais. Eles não são melhores nem piores que os demais seres humanos. A diferença é que são pobres, ou seja, pessoas privadas injusta e involuntariamente dos bens essenciais à vida digna. Por isso, estamos ao lado deles. Por uma questão de justiça.
Um militante de esquerda jamais negocia os direitos dos pobres e sabe aprender com eles.
9. Defenda sempre o oprimido, ainda que aparentemente ele não tenha razão.
São tantos os sofrimentos dos pobres do mundo que não se pode esperar deles atitudes que nem sempre aparecem na vida daqueles que tiveram uma educação refinada.
Em todos os setores da sociedade há corruptos e bandidos. A diferença é que, na elite, a corrupção se faz com a proteção da lei e os bandidos são defendidos por mecanismos econômicos sofisticados, que permitem que um especulador leve uma nação inteira à penúria.
A vida é o dom maior de Deus. A existência da pobreza clama aos céus. Não espere jamais ser compreendido por quem favorece a opressão dos pobres.
10. Faça da oração um antídoto contra a alienação.
Orar é deixar-se questionar pelo Espírito de Deus. Muitas vezes deixamos de rezar para não ouvir o apelo divino que exige a nossa conversão, isto é, a mudança de rumo na vida. Falamos como militantes e vivemos como burgueses, acomodados ou na cômoda posição de juízes de quem luta. 
Orar é permitir que Deus subverta a nossa existência, ensinando-nos a amar assim como Jesus amava, libertadoramente.

DIÁRIO DE BORDO: MEU VOTO CHAMA-SE ESPERANÇA...

                                                                                           JORGE BICHUETTI
Há muito não me posiciono tão-claramente como nestas eleições.
Não era o meu desejo. preferia tecer um poema ou escrever um texto, ou, simplesmente, descansar junto das flores que perfumam o meu quintal.
Todavia, não posso, não me permito... Como aspirar o perfume das flores, escutar os meus pássaros e bailar com meus álamos, se o meu povo, de novo, amarga uma encruzilhada.
Encruzilhada é tera de ninguém - dizia Rosa.
Todos falam o mesmo, no entanto, todos deviam saber que a política do neoliberalismo descarado do PSDB e DEM, quando opitam pelo estado mínimo decidem que o pão e a alegria, a moradia e a saúde, a educação e o lazer serão mercantilizados e os pobres e os oprimidos voltarão à sua velha condição de mendicância.
Existem problemas e estes devem ser equacionados, mas não às custas do sofrimento do povo.
É necessário, então, garantir a continuidade do trabalho do presidente Lula e com ela as políticas sociais de inclusão, dignificação da vida e justiça social.
A solidariedade não pode ser enterrada; e a vida esquecida nos seus valores de amor e paz.
Pelo pão na mesa, partilhado na alegria da vida que se plenifica dignidade e cidadania...
Pelas vagas nas escolas públicas, pelo cuidado aos desvalidos...
Pelo política de não à guerra...
Pelas flores que cresceram nas ruas e nas favelas...
Pelo Brasil que já não esconde a sua cara...
Pelas moradias populares, pelas empresas de economia solidária...
Pelas florestas preservadas e pela terra dividida...
Pelo Brasil que se descolonializou-se e caminha com o povo devindo-se mãe gentil... Eu voto.
Voto com altivez e consciência, sonho e caminho... caminho de vida para todos. Eu voto.
Eu voto em DILMA ROSSEFF... E voto sem medo de ser feliz!...

  

DIÁRIO DE BORDO : CAMINHOS, VIAGENS E SONHOS...

                                                                                    JORGE BICHUETTI
Na tranquilidade de uma noite chuvosa, o silêncio me possibilitou rever e reviver nas curvas do tempo por onde andou meus passos ao longa desta caminhada.
Caminhei... Estive , com estrelinha no peito, de porta em porta, dizendo como quem narrava um sonho: optei...
De bandeira na mão, meu coração bailou no ar, cantando altivo e "sem medo de ser feliz"...
Semeei ao longo das minhas viagens onde eu pude visitar o território da realteridade as sementes dos sonhos que tecemos , um dia, como um povo que se desejava livre, no poder , para que justiça e solidariedade resgatsse a dignidade da nossa pátria, então, uma pátria tão ferida.
Hoje, nossa pátria caminha, viaja e sonha... Se colocou de pé, e sorriu com a liberdade, com o pão multiplicado, com a juventude nas escolas e nas universidades... Sorriu com a vida que frutificou, enfrentando as mazelas da desigualdade.
Andando por nossa pátria e vendo o brilho da mesma estrela que esteve no peito de muitos de nós, Guattari disse que este país era um laboratório. Um laboratório de transformações, devires e potências criativas que iluminaria a humanidade com o novo.
"Lula lá, brilha uma estrela... brilha a esperança..."
Amanhã, dia de eleições!...
E na saudade das lembranças e na constatação de que os sonhos permanecem vivos e potentes, votarei...
Votarei na estrela... Votarei na esperança... Na alegria de te abraçar, votarei no meu povo e na continuidade dos seus direitos, na plantação de um novo tempo de igualdade, liberdade e solidariedade.
Votarei Dilma Rosseff...
Por uma nova Terra, por um povo por-vir, eu votarei DILMA ROSSEFF.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Somos Protagonistas

Escolher políticos para nos representar não é tarefa fácil, tendo em vista inúmeros escândalos de corrupção que acontecem constantemente no nosso País. Imagino também que o eleitor deva ficar extremamente confuso, já que as propostas dos candidatos são muito semelhantes. Então como escolher um bom candidato?
Penso que conhecer o histórico do político e confiança seja o começo da avaliação. No entanto, só isto não basta. Temos que pesquisar os aliados e analisar acima de tudo o caráter do candidato. Vemos vários exemplos daqueles que se enriquecem com a política.
No Brasil, infelizmente, muita coisa errada acontece dentro dos órgãos públicos, e nada muda. Acho que pensar primeiro no cidadão e não em si mesmo seria o primeiro passo para se mudar a cultura dos políticos. Gostar de aparecer em realizações de outros políticos, superfaturamento em obras e corrupção são apenas alguns exemplos tão relacionados à classe política.
No próximo domingo, 3 de outubro, milhões vão as urnas eletrônicas para escolher o futuro do nosso país. Somos protagonistas. Votemos naqueles que escutem os movimentos sociais e não o excluam. Queremos políticos honestos e que não pensem em entrar na política para enriquecer.

Renato Manfrim

terça-feira, 28 de setembro de 2010

DIÁRIO DE BORDO: UM VOTO CONSCIENTE E ALEGRE

                                                                             JORGE BICHUETTI
Amigos votaremos... É um direito, uma responsabilidade e uma obrigação.
Mas em quem? sicrano, beltrano e fulano, todos aparecem, agora, com promessas e atá o rosto se revela mais sincero.
Somos atores por natureza, não se enganem...
Não votem em pessoas, vote no futuro que deseja para nossa Terra e para a nossa gente.
Pense: o que farão? o que defenderão?
Cuidado: Judas se vendeu por 30 moedas, e muitos dos nossos políticos inflacionaram o mercado das traições.
Não vote em canditado com ficha suja, exija ficha limpa, uma conquista popular.
Votar é um ato histórico: um dia, na empolgação dos urros  populares, o povo votou em Barrabás, condenando à morte o meigo e terno Nazareno que tinha como sonho e vida o amor na plenitudade da compaixão.
Pense... Pense...
Você estará escolhendo o pão para os famintos ou elegendo a miséria e o abandono para a maioria dos nossos irmãos.
Um dia, me perguntaram se eu não iria votar num amigo comum, e me disseram: Ele é nosso amigo. Pensei, e não tive dúvida: eleição não é um momento de escolha ou glorificação dos amigos pessoais. Disse, então: Gostaria, mas não vou votar... Ele é meu amigo, não é amigo dos famintos, dos sem-tetos, dos miseráveis que perambulam pelas ruas, das mulheres vítimas de violência doméstica, das crianças que sofrem abuso sexual, dos infelizes, dos necessitados...
Meu voto é um voto na potência da vida que deseja o sonho de justiça social e solidariedade, acolhimento e liberdade  materializados na vida do nosso país.
Voto contra o desemprego, os baixos salários, a poluição, o preconceito sexual-de raça e qualquer que seja... Voto contra o desmatamento, contra a guerra e contra as políticas de enriquecimento de poucos às custas da massacre das multidões.
SEM MEDO DE SER FELIZ - eu voto num mundo de inclusão social, de políticas públicas de cuidado dos desvalidos....
SEM MEDO DE SER FELIZ -  eu voto nos projetos de economia solidária e desenvolvimento sustentável...
SEM MEDO DE SER FELIZ -   eu voto na reforma agrária, na política internacional de apoio aos países pobres e de apoio ao direito de autonomia de todoas as nações...
Não voto... na opressão, na exploração, na mistificação...
Voto na reversão do aquecimento global,  na convivência pacífica com o pleno direito à diferença.
Voto, sim... no Plano Nacional de Direitos Humanos.
SEM MEDO DE SER FELIZ, EU VOTO NA PERMANÊNCIA DA PRIMAVERA, POIS EU NÃO VOTO EM QUEM CORTAM AS NOSSAS FLORES E NOS FEREM COM OS ACÚLEOS DA DOMINAÇÃO.

MESTRES DO CAMINHO: BOFF E AS ELEIÇÕES

A mídia comercial em guerra contra Lula e Dilma

                                      LEONARDO BOFF


Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso” pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o “Brasil Nunca Mais”, onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.
Esta história de vida me avalisa fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a mídia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de ideias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.
Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando veem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública. São os donos de O Estado de São Paulo, de A Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja, na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e chulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem desse povo. Mais que informar e fornecer material para a discussão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.
Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo respeito devido a mais alta autoridade do país, ao Presidente Lula. Nele veem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.
Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser Presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.
Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma), “a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogresssita, antinacional e não contemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes, nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo -Jeca Tatu-; negou seus direitos; arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação; conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continua achando que lhe pertence (p.16)”.
Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles têm pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascendente como Lula. Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o Presidente de todos os brasileiros. Isso para eles é simplesmente intolerável.
Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados, de onde vem Lula, e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coroneis e para “fazedores de cabeça” do povo. Quando Lula afirmou que “a opinião pública somos nós”, frase tão distorcida por essa mídia raivosa quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da mídia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palavra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.
O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceptual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros. De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa de fizeram classe média. Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, em fim, a melhorar de vida.
Outro conceito inovador foi o desenvolvimento com inclusão social e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituídas e com salários de fome. Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor. Concedemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas, importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.
O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, ao fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil. Vai ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela VEJA, que faz questão de não ver; protagonista de mudanças sociais não somente com referência à terra, mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.
O que está em jogo neste enfrentamento entre a mídia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocolonial, neoglobalizado e, no fundo, retrógrado e velhista; ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes?
Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das más vontades deste setor endurecido da mídia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construído com suor e sangue por tantas gerações de brasileiro

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Conversas Klínicas abordam PAI-PJ e esquizoanálise



No último dia 13, segunda-feira, Conversas Klínicas do Instituto Gregorio Baremblitt de Frutal contou com as participações das seguintes palestrantes: a psicóloga de Uberaba, pós graduada em Saúde Mental, Odila Braga e Helena Paiva, psicóloga clínica de Pouso Alegre.
A psicóloga Helena Paiva destacou o PAI-PJ (Programa de Atenção Integral ao Paciente Judiciário Portador de Sofrimento Mental), coordenado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, e que visa oferecer um tratamento digno aos portadores de sofrimento mental que estão em medida de segurança, ou seja, para aqueles que acabaram no manicômio judiciário. “Queremos tirar eles do manicômio e construir uma rede na comunidade onde eles vivem”, disse a psicóloga. Ela assegura que os técnicos do PAI-PJ já estiveram na cidade, assim como em outras cidades do estado, no intuito de conhecer a realidade das pessoas com transtornos mentais que praticaram algum delito e que estão presos irregularmente. Por isso a função do PAI-PJ é que essas pessoas não sejam esquecidas na prisão e trazê-las de volta à sociedade. Por enquanto o programa atua apenas em Belo Horizonte e ainda não se expandiu para outras comarcas.
O psiquiatra Celso Peito esteve no final do mês passado nas cadeias públicas de Campina Verde e Iturama para auxiliar no PAI - PJ (Programa de Atenção Integral ao Paciente Judiciário Portador de Sofrimento Mental). “A proposta é que é esses manicômios precisam ter um fim. Precisamos oferecer um tratamento que vai oferecer alguma possibilidade de melhora e reinserção social. Vamos tentar articular junto ao poder judiciário local para que essa clientela não fique mais nas cadeias. A justiça determina que essas pessoas sejam tratadas de forma adequada. Hoje o tratamento adequado é no serviço substitutivo, nos CAPS”, afirmou o psiquiatra.
Durante o encontro, a psicóloga Odila Braga, buscou abordar a clínica no ponto de vista da esquizoanálise como referência teórica do trabalho da equipe IGB Frutal. “Acredito que a proposta do grupo é estar trazendo a esquizoánalise dentro da clínica e envolvendo as pessoas nesta discussão. Por isso eu achei interessante discutir alguns conceitos instigantes e revolucionários para se pensar melhor essa clínica”, disse a psicóloga que acredita que a esquizoanálise tem um conjunto de idéias que desestrutura toda uma clínica pensada depois da psicanálise.

II Congresso Internacional de Esquizoanálise e Esquizodrama entusiasmou profissionais da saúde de Frutal

O encontro em Uberaba nos dias 10, 11 e 12 de setembro foi um pré congresso para o Internacional de Saúde Mental e Direitos Humanos – Associação das Mães da Praça de Maio – Buenos Aires – Argentina no mês de novembro



Durante três dias, 10, 11 e 12 de setembro, aproximadamente 500 profissionais e estudantes de 60 instituições de saúde mental do Brasil, Argentina, Uruguai, Portugal e Espanha participaram do II Congresso Internacional de Esquizoanálise e Esquizodrama. A confraternização que buscou um novo pensar do mundo aconteceu na Casa do Folclore, Uberaba, foi organizada pela Fundação Gregório Baremblitt de Uberaba e de Minas Gerais, Instituto Felix Guattari de Belo Horizonte e Centro Felix Guattari de Montevideo; e contou com conferências, mesas redondas, debates, entre outras atividades.
Profissionais do CAPS (Centro de Apoio Psicossocial) Frutal, Instituto Gregório Baremblitt, entre outras clínicas da cidade e região estiveram no encontro e voltaram entusiasmados. Foram eles: os médicos psiquiatras Celso Peito Macedo Filho e Ludmilla Souto Viana Peito Macedo, os psicólogos Bernardino Lopes Neto, Ana Paula Araújo, Raquel Rocca Ravena, Ana Helena Cury de Andrade Diniz, Angélica Luíza Polastrini Marques, Edna Rodrigues e Simone Alves Cavalcanti, além da enfermeira Valdereza Faria Bolela e da assistente social Cíntia Silva Macedo.
Relacionados à esquizoanálise e esquizodrama, temas como Principais Esquizoemas, Realidade e Realteridade, Capitalismo e Esquizofrenia, As Quatro Ecologias, Subjetividade e Subjetivação, Direitos mais que Humanos, Movimentos Populares, Saúde Integral e Mental, Economia Solidária, Ciência, Filosofia, Arte, Política, Direito, Educação e As Klínicas do Esquizodrama foram abordados e discutidos pelos principais nomes da psiquiatria e psicologia da América Latina e do mundo. Entres estes; Gregório F. Baremblitt, Gregório Kazi, Alfonso Lans, Jorge Bichuetti, entre outros. 
A presidente da Fundação Gregório F. Baremblitt de Uberaba e supervisora do CAPS Frutal, Maria de Fátima Oliveira, coordenadora do congresso, destacou a reforma psiquiátrica do país, universidade e entidades que trabalham com a área social, ecologia e o combate à violência como os temas mais relacionados aos dias atuais e que foram amplamente discutidos no encontro internacional.
O psicólogo argentino Gregório Kazi, um dos responsáveis pela direção das Mães da Praça de Maio, acredita que encontros como estes contribuem em duas dimensões. “As pessoas conseguem esclarecer críticas e socializar em uma forma de produção de vida”, comentou.

Esquizoanálise e Esquizodrama



A esquizoanálise, uma concepção da realidade criada por Gilles Deleuze e Felix Guattari, preocupa-se com os indivíduos, os grupos e as instituições na sua composição com o mundo. Consiste em uma ampla leitura da realidade, tanto natural, quanto social, subjetiva e industrial-tecnológica, assim como de uma realidade “outra”, pluripotencial e imperceptível.
Apoiado num propósito inventivo, o esquizodrama, baseado na esquizoanálise, foi criado por Gregorio F. Baremblitt e trata-se de um procedimento que pode ser utilizado em todo tipo de organização, estabelecimentos, grupos e também com indivíduos, com finalidades terapêuticas, pedagógicas e organizativas.
Segundo Gregório Baremblitt, que esteve nos três dias do congresso, a base teórica, ética, política e filosófica do esquizodrama é a esquizoanálise. “O esquizodrama é uma das aplicações que tem atitude e que mobiliza todos os sentidos, como respiração e mecanismos da expressão”, declarou um dos principais nomes da psiquiatria mundial.
O filósofo Orfilo Fraga, coordenou um dos vários tipos de esquizodrama que foram realizados no congresso. Denominado a Dança do Sopro, a técnica foi desenvolvida a partir de alguns autores que trabalham com a respiração e com o corpo. “Sugeriu a capacidade que a gente tem de conhecer forças nossas que são inconscientes, não aparecem normalmente e que tem relação com todo o universo”.



IGB Frutal

Os médicos psiquiatras Celso Peito Macedo Filho e Ludmilla Souto Viana Peito Macedo e o psicólogo Bernardino Lopes Neto estiveram entre os mais entusiasmados com os resultados do congresso. Eles falaram que foi
uma oportunidade de se pensar novas formas de cuidar do sofrimento das pessoas. “Esse encontro também é uma oportunidade que temos para não nos sentir sozinho, estar mais próximos de pessoas que a gente gosta, estabelecer relações, criando vínculos que vão além do congresso”, afirmou Dr. Celso.
Para a Dra. Ludmilla, os três dias em Uberaba também foi uma forma de repensar o modo de se produzir uma clínica para cuidar melhor da saúde mental. “Além disso, discutimos ainda formas de fazer um mundo melhor”. Ao complementar, o psicólogo Bernardino comentou que sentiu o congresso como algo realizado entre amigos.

Renato Manfrim

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

IGB propõe reflexões junto à comunidade

O Instituto Gregório Baremblitt (IGB) de Frutal, inaugurado no mês de abril, produz um trabalho de reflexão junto à comunidade e profissionais da saúde mental. Através de “Conversações” e o “Cine Clube”, a comunidade participa para pensar sobre várias áreas da saúde, da educação, sistema prisional, entre outros assuntos.
O psicólogo do IGB, Bernardino Pereira Lopes Neto, conta que a partir dos encontros do 1º semestre, juntamente com o psiquiatra Celso Peito Macedo Filho, produziram a programação atual das atividades.
De acordo com o psiquiatra Celso, a Semana da Luta Antimanicomial de Frutal, parceria do IGB com o CAPS (Centro de Apoio Psicossocial), entre os dias 17 e 20 de maio, foi de fundamental importância para o saldo do primeiro semestre. Palestras, eventos artísticos, almoço coletivo, filmes, entre outras atividades, foram às atrações à comunidade. Um dos destaques da Semana foi a palestra da renomada psicóloga Marta Zapa que falou sobre sua prática clínica que inspirou muitos profissionais da saúde mental de Frutal.

Programação 2º semestre – Nos dias 9, terça-feira, e 23 de agosto, segunda, o grupo de Conversações discutiu ideias de pensadores com respeito à “Reabilitação Psicossocial no Brasil”. No dia 13 de setembro, segunda-feira, Conversas Klínicas contará com as participações das palestrantes: a psicóloga, pós graduada em Saúde Mental, Odila Braga e Helena Paiva, psicóloga clínica. Nos dias 27 de setembro, 18 de outubro e 8, 22 e 29 de novembro, o grupo de estudo do IGB continuará a refletir temas pertinentes para a prática cotidiana dos profissionais.

CINECLUBE

Nos filmes do primeiro semestre o IGB deu ênfase à saúde mental, já que a intenção foi mostrar o local de trabalho. “Com a chegada das pessoas cada um foi dando o tom e fomos produzindo outros interesses”, comenta o psiquiatra Celso Peito.
Na programação do segundo semestre, os filmes falarão sobre miséria, realidade nacional, gravidez na adolescência, relacionamentos, ou seja, temas diversificados. No dia 30 de agosto, segunda-feira, as pessoas que ligaram no IGB e reservaram seu lugar, assistiram ao longa metragem Querô que fala sobre a realidade do filho de uma prostituta. Confira o restante da programação (todos os filmes começam às 20h): 20/09 – Eles Não Usam Black; 5/10 – Acossado; 25/10 – Medos Privados em Lugares Públicos; 6/12 – Cenas de Um Casamento Parte I e 13/12 – Cenas de Um Casamento Parte II.

CONGRESSO

Nos dias 10, 11 e 12 de setembro, o IGB Frutal participa do 2º Congresso Internacional de Esquizoanalise e Esquizodrama, em Uberaba, Casa do Folclore. Parceiros da Fundação Gregório Baremblitt de Uberaba (o patrocinador do congresso juntamente com a Fundação Baremblitt de Belo Horizonte), os profissionais do instituto de Frutal comentaram que será um momento muito rico para todos que participarem. “Vão estar os nomes mais importantes da produção intelectual da atualidade da área de saúde mental e outras áreas também. Estarão convidados da Argentina, Uruguai, Portugal e Brasil. É um pré-congresso para o Internacional de Saúde Mental dos Direitos Humanos de Buenos Aires, que é o congresso mais importante de saúde mental da atualidade”, adiantou Dr. Celso que ainda explica que o congresso tratará do conhecimento humano e não somente de saúde mental. “Vai tratar de todas as esferas da vida humana. Quando vamos discutir esquizoanálise estamos discutindo o nosso próprio modo de vida; é uma mudança ética, estética e política”.

PAI-PJ

O psiquiatra Celso Peito esteve no dia 25 de agosto, quarta-feira, nas cadeias públicas de Campina Verde e Iturama para auxiliar no PAI - PJ (Programa de Atenção Integral ao Paciente Judiciário Portador de Sofrimento Mental). O programa, que está sendo coordenado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, visa oferecer um tratamento digno para os portadores de sofrimento mental que estão em medida de segurança, ou seja, para aqueles que acabaram no manicômio judiciário. “A proposta é que é esses manicômios precisam ter um fim. Precisamos oferecer um tratamento que vai oferecer alguma possibilidade de melhora; reinserção social. Vamos tentar articular junto ao poder judiciário local para que essa clientela não fique mais nas cadeias. A justiça determina que essas pessoas sejam tratadas de forma adequada. Hoje o tratamento adequado é no serviço substitutivo, nos CAPS”, afirmou o psiquiatra.

Renato Manfrim

sábado, 28 de agosto de 2010

Conversas Klínicas

Convidadas: Odila Braga, psicóloga com pós graduação em Saúde Mental na Saúde Pública, pela Escola de Saúde Pública (ESP/MG), esquizodrama, psicodrama moreniano e dinâmica de grupo, Fundadora da Fundação Gregório Baremblitt, Uberaba/MG e Diretora Técnica por 5 anos do CAPS - Maria Boneca, Uberaba/MG, Coordenadora do CAPS AD (álcool e drogas), Uberaba/MG por mais de 3 anos, Referência Técnica de Saúde Mental do Estado, para a região do Triângulo Sul, por mais de 5 anos & Helena Paiva, psicóloga clínica, Referência Técnica de Saúde Mental do Estado, para a região do Sul de Minas, colaboladora do Programa de Atenção Integral ao Paciente Judiciário Portador de Sofrimento Mental (PAI-PJ), para a região do Sul de Minas.

13/9/2010 (segunda-feira) - 20h


BICHUETTI, J. “Sobre Crise (1)”; “Sobre Crise (2)”; “Lições sobre a Crise em Nietzsche – O Humano demasiado humano”; “O que é a Loucura?”. In: BICHUETTI, J. “Crisevida”. Belo Horizonte, Instituto Felix Guattari, 2000. p 25 a 31 e p 35 a 45.

27/9/2010 (segunda-feira) - 20h


Lancetti, A. “Conversa com Domiciano Siqueira sobre Redução de Danos”. In: Lancetti, A. “Clínica Peripatética”. São Paulo, Editora Hucitec. 2006. p. 53 a 76.

18/10/2010 (segunda-feira) - 20h


Suaya, D. (org) “Resiliencia y Resistencia”. In: Kazi, G. & Ajerez, M. (org.) “Salud Mental – Experiencias y Prácticas”. Buenos Aires, Espacio Editorial. 2008. p 99 a 116.

8/11/2010 (segunda-feira) - 20h


Yasui, S. “A Atenção Psicossocial e os Desafios do Contemporâneo: Um Outro Mundo é Possível”. In: Cadernos. Brasileiros. De Saúde Mental, Vol. 1, n° 1, jan-abr. 2009.

Marazina, I. “Trabalhador de Saúde Mental: Encruzilhada da Loucura”. In: Lancetti, A. (org.) “SaúdeLoucura 1”. São Paulo, Editora Hucitec. 1989. p 69-74.

22/11/2010 (segunda-feira) - 20h


Pelbart, P.P. “Manicômio Mental – A Outra Face da Clausura”. In: Lancetti, A. (org.) “SaúdeLoucura 2”. São Paulo, Editora Hucitec. 1990. p 131 a 138.

Baremblitt, G.F. “Dez Orientações Para Uma Nova Klínica”. http://artigosgregorio.blogspot.com/

29/11/2010 (segunda-feira) - 20h


Obs.: Vagas limitadas. Inscrições no local com Maysa. Na biblioteca do IGB é possível a consulta aos textos selecionados para a discussão.

Rua Antônio de Paula n°4, Centro, Frutal-MG, tel. 34 3421-0147

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

CineClube

Centro Cultural Antonin Artaud – IGB Frutal


apresenta

30/8/2010 (segunda-feira) – 20h00min - Querô



Direção: Carlos Cortez

Querô (Maxwell Nascimento) é filho de uma prostituta, que foi expulsa do bordel em que trabalhava no dia em que deu à luz. Desesperada, ela se suicida tomando querosene. Violeta, a dona do prostíbulo, decide cuidar do garoto e o apelida de Querô, em referência ao modo como sua mãe morreu. Ao crescer Querô, revoltado com os maus tratos que recebe, passa a cometer pequenos delitos. Um dia ele é pego e encaminhado à FEBEM, onde sua vida é marcada para sempre.



20/9/2010 (segunda-feira)– 20h00min – Eles Não Usam Black - Tie



Direção: Leon Hirszman

Em São Paulo, em 1980, o jovem operário Tião e sua namorada Maria decidem casar-se ao saber que a moça está grávida. Ao mesmo tempo, eclode um movimento grevista que divide a categoria metalúrgica. Preocupado com o casamento e temendo perder o emprego, Tião fura a greve, entrando em conflito com o pai, Otávio, um velho militante sindical que passou três anos na cadeia durante o regime militar.



5/10/2010 (terça-feira) – 20h00min - Acossado



Direção: Jean-Luc Godard

Após roubar um carro em Marselha, Michel Poiccard (Jean-Paul Belmondo) ruma para Paris. No caminho mata um policial, que tentou prendê-lo por excesso de velocidade, e em Paris persuade à relutante Patricia Franchisi (Jean Seberg), uma estudante americana com quem se envolveu, para escondê-lo até receber o dinheiro que lhe devem. Michel promete a Patricia que irão juntos para a Itália, no entanto o crime de Michel está nos jornais e agora não há opção. Ele fica escondido no apartamento de Patricia, onde conversam, namoram, ele fala sobre a morte e ela diz que quer ficar grávida dele. Ele perde a consciência da situação na qual se encontra e anda pela cidade cometendo pequenos delitos, mas quando é visto por um informante começa o final da sua trágica perseguição.



25/10/2010 (segunda-feira) – 20h00min – Medos Privados em Lugares Públicos



Direção: Alain Resnais

Paris. Três homens e três mulheres que não se conhecem vivem no mesmo bairro. Todos são pessoas solitárias, com o destino fazendo com que suas vidas ora se cruzem, ora se afastem.



6/12/2010 (segunda-feira) – 20h00min – Cenas de Um Casamento – Parte I



Direção: Ingmar Bergman

Há 10 anos Johan (Erland Josephson) e Marianne (Liv Ullmann) são casados. Ambos aparentam terem sucesso em suas carreiras, sendo ele um médico e ela uma advogada na área de direito familiar. Com as duas filhas, eles levam uma vida confortável. Eles são entrevistados por Palm (Anita Wall), uma repórter de televisão, para uma matéria sobre o que fazem para que o matrimônio deles seja um sucesso. Certo dia um casal muito amigo deles, Katarina (Bibi Andersson) e Peter (Jan Malmsjö), vêm para um jantar. Logo Katarina e Peter demonstram que seu casamento passa por uma série crise. Johan e Marianne tentam acalmar seus convidados, pois Katarina e Peter foram muito amargos um com o outro. Semanas depois, Marianne descobre que está grávida e Johan, ao saber, não demonstra nenhum contentamento. A Sra. Jacobi (Barbro Hiort af Ornäs) procura Marianne, dizendo que após 20 anos de casamento quer se divorciar, por sentir que não há amor no seu matrimônio, o que provocou uma atrofia em suas emoções. Marianne fica perturbada com o relato e, quando vai jantar com Johan, eles não conseguem uma maior aproximação. Nesta noite eles conversam sobre a deterioração de sua vida sexual, mas o que pega Marianne totalmente desprevenida é quando Johan diz estar apaixonado por Paula, que é bem mais jovem que ele, e que pretende viajar logo com sua nova paixão para Paris. Marianne tenta se controlar ao máximo e aparentemente se mostra compreensiva, mas na verdade está inteiramente desesperada.



13/12/2010 (segunda-feira) – 20h00min - Cenas de Um Casamento – Parte II

Direção: Ingmar Bergman

Obs.: Vagas limitadas. Inscrições no local com Maysa. Debate ao término de cada filme com convidados e membros do IGB.

Rua Antônio de Paula n°4, Centro, Frutal-MG, tel. 34 3421-0147

Por Uma Sociedade Sem Manicômios!!!

Em dezembro deste ano, completam-se 23 anos do II Congresso Nacional dos Trabalhadores em Saúde Mental, momento que marcou o início da Luta Antimanicomial Brasileira. No mês de dezembro de 1987, na cidade de Bauru, São Paulo, 350 manifestantes, entre estes usuários e trabalhadores de saúde mental, foram para as ruas, de faixas em punho e palavras de ordem, gritando Por Uma Sociedade Sem Manicômios!!! De lá para cá, o movimento evoluiu e fez história. Abaixo, documento histórico produzido neste Encontro.


Carta de Bauru

Um desafio radicalmente novo se coloca agora para o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental. Ao ocuparmos as ruas de Bauru, na primeira manifestação pública organizada no Brasil pela extinção dos manicômios, os 350 trabalhadores de saúde mental presentes ao II Congresso Nacional dão um passo adiante na história do Movimento, marcando um novo momento na luta contra a exclusão e a discriminação.

Nossa atitude marca uma ruptura. Ao recusarmos o papel de agente da exclusão e da violência institucionalizadas, que desrespeitam os mínimos direitos da pessoa humana, inauguramos um novo compromisso. Temos claro que não basta racionalizar e modernizar os serviços nos quais trabalhamos.

O Estado que gerencia tais serviços é o mesmo que impõe e sustenta os mecanismos de exploração e de produção social da loucura e da violência. O compromisso estabelecido pela luta antimanicomial impõe uma aliança com o movimento popular e a classe trabalhadora organizada.

O manicômio é expressão de uma estrutura, presente nos diversos mecanismos de opressão desse tipo de sociedade. A opressão nas fábricas, nas instituições de adolescentes, nos cárceres, a discriminação contra negros, homossexuais, índios, mulheres. Lutar pelos direitos de cidadania dos doentes mentais significa incorporar-se à luta de todos os trabalhadores por seus direitos mínimos à saúde, justiça e melhores condições de vida.

Organizado em vários estados, o Movimento caminha agora para uma articulação nacional. Tal articulação buscará dar conta da Organização dos Trabalhadores em Saúde Mental, aliados efetiva e sistematicamente ao movimento popular e sindical.

Contra a mercantilização da doença!

Contra a mercantilização da doença; contra uma reforma sanitária privatizante e autoritária; por uma reforma sanitária democrática e popular; pela reforma agrária e urbana; pela organização livre e independente dos trabalhadores; pelo direito à sindicalização dos serviços públicos; pelo Dia Nacional de Luta Antimanicomial em 1988!

Por uma sociedade sem manicômios!

Bauru, dezembro de 1987 - II Congresso Nacional de Trabalhadores em Saúde Mental

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O Instituto

O Instituto Gregório Baremblitt (IGB) foi inaugurado na Rua Antônio de Paula, nº4, Centro, Frutal – MG; no dia 10 de abril de 2010, às 19:00 horas


Quem Somos

O Instituto Gregório Baremblitt nasce do encontro de um grupo de amigos com um desejo comum de reinventar novas práticas clínicas e construir um lugar potencializador de vida. Seu nome é uma homenagem ao psiquiatra, psicoterapeuta, professor, pesquisador, analista e interventor institucional, esquizoanalista, esquizodramatista e escritor Gregório Franklin Baremblitt. Temos forte sintonia com a prática e pensamento da Fundação Gregório Baremblitt de Belo Horizonte e de Uberaba.

O Instituto é um projeto de vida, nosso desejo é que esse lugar tenha uma inserção social e que seja palco de transformações históricas no campo da saúde mental.

Suas práticas têm como protagonistas e destinatários todos os cidadãos envolvidos com esses objetivos, tanto especialistas e profissionais, como estudantes e leigos, individual, grupal e organizacionalmente, com particular dedicação aos agentes sociais, comunidades e movimentos populares. Temos interesse,também, em trabalhar em parceria com Organizações Federais, Estaduais, Municipais e Privadas.

Por isso, nossa missão prevê um respeito á complexidade da vida, propondo ações sócio-culturais como: clube de cinema e saraus culturais; técnico-assistenciais como: consultas psiquiátricas, psicoterapia infantil, adultos, de casais e familiar, grupos terapêuticos, oficinas terapêuticas, supervisão clínico-institucional, análise e intervenção institucional; teórico-conceituais: publicações, organização de eventos, pesquisa, cursos de formação, grupos de estudos e capacitações, todas essas ações são inspiradas nas idéias dos autores Gilles Deleuze e Félix Guattari, assim como nas de outros pensadores nacionais e estrangeiros do Movimento Instituinte.

Quem é Gregório Baremblitt

De formação em Psiquiatria à militância junto ao Movimento Instituinte Internacional, Gregório Franklin Baremblitt vem traçando um longo e fecundo percurso como médico psiquiatra, psicoterapeuta, professor, pesquisador, analista e interventor institucional, esquizoanalista, esquizodramatista e escritor em diversos países da América Latina e Europa. Esse percurso teve início há 40 anos, na Faculdade de Medicina da Universidade Nacional de Buenos Aires, da qual é livre - docente, e foi-se tornando mais rico e complexo a cada momento em que o médico buscou o cruzamento da Medicina com outras áreas. Movido pela inquietação daqueles que não se contentam com o conforto garantido pelo reconhecimento dados aos especialistas consagrados, Gregório Baremblitt buscou sempre expandir sua atuação até as fronteiras da Medicina com a Política, a Sociologia, a Filosofia, a Arte e também os saberes populares. Esse olhar generoso e ao mesmo tempo rigoroso sobre os saberes e fazeres do mundo contemporâneo tem rendido não apenas uma ampla produção intelectual, mas também diversas ações nos planos de coletivos diversos: em 1970, Gregório foi membro-fundador do grupo psicanalítico argentino denominado Plataforma, primeira organização no mundo separada da Associação Psicanalítica Internacional por motivos políticos. Ao se estabelecer no Brasil em 1977, fundou, no Rio de Janeiro e em São Paulo, o Instituto Brasileiro de Psicanálise, Grupos e Instituições (Ibrapsi), e o Instituto Félix Guattari de Belo Horizonte. Sua atuação no campo da saúde mental inspirou outros profissionais a criarem a Fundação Gregório Baremblitt, em Uberaba (MG), uma das primeiras entidades do país a instituir formas de tratamento mental em sintonia com os ideais da Luta Antimanicomial. Gregório é autor de numerosos livros e artigos científicos e organizador de seis congressos internacionais em sua área de atuação.

Sobre a Clínica:

Um desafio permanente de “curar” como se vive e de viver como se “cura”. Sem nunca esquecer o “cuidado” ou “cultivo” da potência vital de todos.

Gregório F. Baremblitt



Instituto Gregório Baremblitt

Rua Antônio de Paula, nº4, Centro, Frutal - MG

CEP 38200-000, Brasil, Fone: (34) 3421 - 0147

Endereço eletrônico: igbfrutal@hotmail.com